O Bloco de Esquerda manifesta a sua profunda preocupação com a escalada de tensões em torno da Venezuela, marcada por ameaças de uso da força, pressão militar e pela persistência de políticas de ingerência externa por parte da administração Trump, que colocam em risco a paz regional e violam princípios fundamentais do direito internacional.
A história recente demonstra de forma inequívoca que a lógica da confrontação e da intervenção militar não resolve crises políticas. Pelo contrário, agrava o sofrimento das populações, destroi países inteiros e gera instabilidade prolongada, com consequências humanas e sociais irreparáveis.
As guerras do Iraque e do Afeganistão são exemplos trágicos das consequências do intervencionismo militar dos Estados Unidos da América: milhões de mortos e deslocados e décadas de violência e instabilidade que continuam a penalizar gravemente as populações civis.
Neste contexto, o Bloco de Esquerda saúda os apelos das Nações Unidas à contenção, à desescalada imediata e à resolução pacífica dos conflitos, bem como as declarações do Secretário-Geral António Guterres, que sublinham a centralidade da Carta das Nações Unidas, do diálogo e da diplomacia como únicos caminhos legítimos para evitar uma nova escalada com consequências imprevisíveis.
O Governo português deve condenar de forma clara e inequívoca a escalada de tensões e qualquer ameaça ou ação de intervenção militar contra a Venezuela, país onde residem milhares de cidadãos portugueses e lusodescendentes.
Deve, igualmente, defender ativamente, nas instituições europeias e internacionais, uma solução política e diplomática baseada no diálogo, no pleno respeito pela Constituição da República Portuguesa e pelo direito internacional, recusando alinhar com políticas de confronto militar que repetem erros históricos com custos humanos e sociais profundamente trágicos.