quinta-feira, 12 março 2015 13:27

A Cultura da Exploração

Conferência Jovens do BlocoContributo de Ana Rosa e João Nuno Paulo

 

A complexidade das relações humanas podem fazer crer aos mais desatentos que o foco das nossas energias deve ser gasto somente na regulação das mesmas. A verdade é que não estamos nem nunca estivemos sozinhxs no planeta. Inquietamos e destruímos um mundo do qual não só nós fazemos parte, como tantos outros seres vivos. Os restantes animais têm, por isso, que ser por nós considerados. A ação humana deve, necessariamente, entrar em consonância do resto da natureza.

A supressão do sentimento de superioridade do ser humano face ao restante planeta revela-se essencial. O desprezo e indolência com que agimos tem, ao longo das décadas, culminado em consequências dramáticas, como a extinção de espécies, a poluição dos oceanos e outros habitats, a destruição da camada de ozono, a desertificação dos solos e tantas outras que tão bem conhecemos.

O Bloco de Esquerda procura construir um mundo ecologicamente sustentável. Esse mundo é aquele em que não nos servimos dos animais como meros objetos subservientes, sinónimos de lucro ou mercadorias. Este mundo que queremos construir não pode estar baseado numa hierarquização de espécies.

Nem o crescimento económico nem a “tradição” se podem sobrepor à ética. As touradas são a mais clarividente prova de como utilizamos os animais em nosso próprio benefício, mesmo quando este se limita a um ato bárbaro e sádico, infligindo-lhes dor e sofrimento: é a violência pela violência. O decréscimo constante dxs espectadorxs de touradas, por um lado, e o crescimento de movimentos anti-touradas (como a plataforma Basta, ou a ANIMAL), por outro, traduzem, contudo, a consciencialização da sociedade face a esta prática. A “tradição” está a redefinir-se.

O trabalho para a conquista de direitos animais, todavia, ainda tem um longo caminho a percorrer. É verdadeiramente inadmissível que canais de televisão pública concedam tempo de antena a estes “espetáculos” ou que outros canais de televisão o façam em horário nobre. Da mesma forma, é também inaceitável que fundos públicos sejam direcionados para esta pseudo-arte.

Lamentavelmente, a subordinação dos animais está longe de se restringir a esta questão. A exploração animal está presente em vários aspetos das nossas vidas: a alimentação, o vestuário, a higiene e cosmética apresentam-se como exemplos claros dessa tendência. As implicações não surgem apenas na qualidade de vida dos animais (ou ausência dela), mas também no ambiente. A indústria pecuária, segundo um relatório da Agência para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, representa 18% das emissões dos gases de efeito de estufa. Este valor é superior às emissões causadas pelos transportes, que representam 13% das emissões - muito embora o problema dos transportes receba bastante mais atenção mediática. O mesmo estudo diz também que 70% de toda a área agrícola (ou 30% de toda a área disponível no planeta) está destinada à criação de gado. Estes números são claros: o atual consumo de produtos animais é insustentável, tanto pelo nível de poluição que é produzido, como pela desigual distribuição de terras. Uma alimentação mais baseada em vegetais é só uma resposta ética ao sofrimento animal. Mas é também uma resposta ecológica às contradições produzidas por uma indústria que está mais preocupada com o lucro do que com a sustentabilidade do planeta. ?    Efetivamente, inúmeras alternativas surgem hoje à exploração animal. Um estilo de vida saudável, completo e equilibrado é possível sem sujeitar milhões de animais ao trauma, sofrimento e morte. Não podemos fechar os olhos a um problema que criámos e intensificamos: as alternativas são precisas, e agora!    

Neste sentido, não nos limitamos a reconhecer a necessidade de assumir um estilo de vida ecologicamente sustentável aliado a um equilíbrio com as outras espécies, como também o adotamos e promovemos. A sensibilização em prol desta luta é, neste sentido, um processo fulcral. Os movimentos de lutas pelos direitos animais surgem, com efeito, como uma forma positiva e dinâmica de contribuirmos ativamente pela conquista dos direitos que lhes pertencem. Enquanto jovens do Bloco de Esquerda, atribuímos especial enfoque às preocupações ecológicas e a uma maior igualdade entre as diferentes espécies, com as quais nos comprometemos ideologicamente e nosso quotidiano.

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