Das festas feministas aos debates sobre precariedade ou workshops de desobediência civil, tudo é político aqui. Todas e todos são bem-vindas – mesmo que não sejam aderentes do Bloco - e à porta fica o racismo, a homofobia, o sexismo e a xenofobia.
Liberdade 2023. Foto de Lou Loução.
O Liberdade é um espaço de ensaio para o mundo novo e para a vida boa que queremos construir, livres da exploração. Um acampamento assumidamente anticapitalista onde partilhamos experiências de ativismo e concepções de sociedade.
O Liberdade é feito pelas mãos de todas as pessoas, numa organização horizontal, sem hierarquias. O acampamento funciona na filosofia de autogestão, com partilha de tarefas como a limpeza ou segurança, garantindo que ninguém é sobrecarregado.
Liberdade 2010
Ao longo de 20 anos, o Liberdade fomentou-se como um espaço de eleição para formação política de gerações de jovens de esquerda. Pomos em cima da mesa da agenda política todos os temas, valorizando as mentalidades e causas próprias, demonstrando uma das particularidades do Bloco e do Acampamento: o pluralismo de ideias.
Liberdade 2010.
Em 20 edições já tivemos debates como «”My loneliness is killing me”: Saúde mental e capitalismo», «Estratégias climáticas entre o decrescimento e a polpa de tomate», «Deitar abaixo ou contextualizar? Estátuas coloniais e espaço público», «O blábláblá liberal: da criptomoeda à meritocracia» ou «Da Guerra dos Tronos ao Tratado Orçamental – Meios para vencer a casta política corrupta».
Mas também nos pusemos à discussão «Legalizar (e regulamentar!) todas as drogas», «Dos estádios de futebol ao movimento de claques», ou «Direito à boémia: necessidade de vida nocturna para a produção e radicalização cultural», entre tantos outros.
Liberdade 2023. Foto de Lou Loução.
O Liberdade também conta com workshops e atividades práticas como «Palavra de desordem – oficina agit-prop», «Vídeo-ativismo» ou «Linguagem inclusiva».
Liberdade 2013.
O Liberdade foi sempre um lugar de descoberta e emancipação. É o lugar certo para experimentarmos sermos quem somos, por inteiro. No Liberdade toda a gente é livre e revolucionária.
Aqui a inclusão é a máxima inviolávei, sem espaço para a discriminação. Aqui “Não é Não. Sim é Sim. E Talvez é Não.”. As conversas prolongam-se para lá dos debates, durante as refeições, na praia e no meio da pista da discoteca. Fazemos novas amizades, beijamos quem queremos beijar, partilhamos experiências entre pessoas racializadas e queer. Criam-se laços de camaradagem que nos marcam para sempre e que se transportam para os ativismos lá fora, no partido, na escola, na faculdade, no trabalho, nas ruas.
Liberdade 2011. Foto de Paulete Matos.
Mas não se faz a luta sem ritmo e se não pudermos dançar, essa não é a nossa revolução! Na icónica festa feminista damos destaque a mulheres artistas e não passam músicas com letras machistas. A discoteca enche-se de mensagens de empoderamento feminino e o assédio não entra na pista. Acolhemos artistas negros, trans, de culturas alternativas, procurando celebrar a diversidade e dar visibilidade a expressões sub-representadas na sociedade e na cultura.
Concerto de Hellas no Liberdade 2023. Foto de Lou Loução.
Vídeo com momentos do Acampamento Liberdade de 2012
Reclamamos o direito à imaginação, celebramos a revolta. A ideia de que o mundo pode ser melhor cabe numa tenda e sai-se do Liberdade com a certeza de que esse mundo diferente é possível.
Liberdade 2014. Foto de Paulete Matos