Nós, jovens, fomos dos mais afectados por anos de políticas de austeridade bárbara e da espoliação da dívida. Confrontamo-nos com problemas políticos, económicos e sociais nunca antes vistos em 40 anos de regime liberal-democrático. A pobreza aumentou exponencialmente; o desemprego jovem atingiu níveis brutais; a emigração alcançou marcos históricos; o abandono escolar e a exclusão do ensino superior é um quotidiano nas vidas dos estudantes; a precariedade escraviza os jovens. Os Jovens do Bloco de Esquerda deparam-se assim com enormes desafios no seio da juventude a que terão de dar respostas.
Os partidos políticos continuam a ser o instrumento primordial para a transformação da sociedade nas democracias liberais. A juventude sempre se apresentou e constituiu como um sujeito político fundamental para a luta política e, portanto, é essencial para qualquer partido possuir uma forte intervenção junto da juventude. Um partido, como qualquer organização, não é um fim em si mesmo e apenas com forte implantação e apoio social se poderá fortalecer para alcançar os objectivos para que se constituiu: a disputa e conquista do poder, esteja onde estiver, para se alcançar o socialismo, uma sociedade sem exploração.
Os Jovens/Estudantes do Bloco de Esquerda têm realizado várias iniciativas com o objectivo de aumentarem a sua implantação na juventude e formar política e ideologicamente novos quadros, como o Liberdade e o Inconformação, bem como debates em escolas e universidades, entre outras. No entanto, estas iniciativas, apesar de fundamentais, apresentam-se como insuficientes para a implantação na juventude e formação de novos quadros para o Bloco. É necessário intensificar e complementar as iniciativas já existentes e trabalhar para o surgimento de novas, com a criação de materiais de formação. Para tal, sugerimos que os Jovens do Bloco de Esquerda iniciem a publicação de livretes e de um jornal.
Os livretes baseiam-se na publicação de pequenos “manuais” – com cerca de vinte páginas - que abordem de forma sintética temas económicos, ideológicos, emancipatórios e culturais, ou seja, as várias lutas por que o Bloco de Esquerda luta no seu todo. Esses livretes poderiam abordar lutas como a legalização das drogas leves, a reestruturação da dívida, o Tratado Orçamental, o movimento estudantil, a precariedade, a importância de uma contra-cultura, a actualidade do marxismo, entre outras. Além de fornecerem formação política e ideológica, estes livretes poderiam também contribuir com algumas receitas para a realização de futuras iniciativas dos Jovens, aumentando a nossa capacidade de intervenção junto da juventude.
Em complemento, a publicação de um jornal apresenta-se, na nossa opinião, como essencial na estratégia que os Jovens pretendem encetar nos próximos dois anos na juventude, quer junto de jovens trabalhadores e desempregados quer de jovens estudantes do ensino secundário e superior. Com este jornal conseguiríamos abordar a situação política nacional, questões relacionadas com o ensino secundário e superior, a precariedade e desemprego jovem, a política internacional, as lutas emancipatórias e fomentar o debate, apresentando alternativas às actuais políticas. Os debates presenciais são fulcrais e positivos para a formação dos jovens, mas não chegam. É preciso um espaço de debate e reflexão mais aprofundado, onde os jovens possam expor as suas ideias e soluções para a juventude e, inclusive, formarem-se.
Com o crescimento da presença dos Jovens do Bloco de Esquerda no seio da juventude, e sua politização, o Bloco aumentará a sua capacidade de mobilização para cada uma e todas as lutas e para a regeneração de quadros. Um Bloco de Esquerda mais forte aumentará a sua influência na transformação da sociedade. Comecemos já, pois não há tempo a perder.