Duas propostas para os Jovens do Bloco

Jovens
12 de Março 2015
Conferência Jovens do BlocoContributo de Ricardo Cabral Fernandes, Tomás Nunes, Inês Bom, Inês Tavares, Maria Francisca Carvalhas, Afonso Jantarada e Luís Casinhas.

Nós, jovens, fomos dos mais afectados por anos de políticas de austeridade bárbara e da espoliação da dívida. Confrontamo-nos com problemas políticos, económicos e sociais nunca antes vistos em 40 anos de regime liberal-democrático. A pobreza aumentou exponencialmente; o desemprego jovem atingiu níveis brutais; a emigração alcançou marcos históricos; o abandono escolar e a exclusão do ensino superior é um quotidiano nas vidas dos estudantes; a precariedade escraviza os jovens. Os Jovens do Bloco de Esquerda deparam-se assim com enormes desafios no seio da juventude a que terão de dar respostas.

Os partidos políticos continuam a ser o instrumento primordial para a transformação da sociedade nas democracias liberais. A juventude sempre se apresentou e constituiu como um sujeito político fundamental para a luta política e, portanto, é essencial para qualquer partido possuir uma forte intervenção junto da juventude. Um partido, como qualquer organização, não é um fim em si mesmo e apenas com forte implantação e apoio social se poderá fortalecer para alcançar os objectivos para que se constituiu: a disputa e conquista do poder, esteja onde estiver, para se alcançar o socialismo, uma sociedade sem exploração.

Os Jovens/Estudantes do Bloco de Esquerda têm realizado várias iniciativas com o objectivo de aumentarem a sua implantação na juventude e formar política e ideologicamente novos quadros, como o Liberdade e o Inconformação, bem como debates em escolas e universidades, entre outras. No entanto, estas iniciativas, apesar de fundamentais, apresentam-se como insuficientes para a implantação na juventude e formação de novos quadros para o Bloco. É necessário intensificar e complementar as iniciativas já existentes e trabalhar para o surgimento de novas, com a criação de materiais de formação. Para tal, sugerimos que os Jovens do Bloco de Esquerda iniciem a publicação de livretes e de um jornal.

Os livretes baseiam-se na publicação de pequenos “manuais” – com cerca de vinte páginas - que abordem de forma sintética temas económicos, ideológicos, emancipatórios e culturais, ou seja, as várias lutas por que o Bloco de Esquerda luta no seu todo. Esses livretes poderiam abordar lutas como a legalização das drogas leves, a reestruturação da dívida, o Tratado Orçamental, o movimento estudantil, a precariedade, a importância de uma contra-cultura, a actualidade do marxismo, entre outras. Além de fornecerem formação política e ideológica, estes livretes poderiam também contribuir com algumas receitas para a realização de futuras iniciativas dos Jovens, aumentando a nossa capacidade de intervenção junto da juventude.

Em complemento, a publicação de um jornal apresenta-se, na nossa opinião, como essencial na estratégia que os Jovens pretendem encetar nos próximos dois anos na juventude, quer junto de jovens trabalhadores e desempregados quer de jovens estudantes do ensino secundário e superior. Com este jornal conseguiríamos abordar a situação política nacional, questões relacionadas com o ensino secundário e superior, a precariedade e desemprego jovem, a política internacional, as lutas emancipatórias e fomentar o debate, apresentando alternativas às actuais políticas. Os debates presenciais são fulcrais e positivos para a formação dos jovens, mas não chegam. É preciso um espaço de debate e reflexão mais aprofundado, onde os jovens possam expor as suas ideias e soluções para a juventude e, inclusive, formarem-se.

Com o crescimento da presença dos Jovens do Bloco de Esquerda no seio da juventude, e sua politização, o Bloco aumentará a sua capacidade de mobilização para cada uma e todas as lutas e para a regeneração de quadros. Um Bloco de Esquerda mais forte aumentará a sua influência na transformação da sociedade. Comecemos já, pois não há tempo a perder.