Após uma abertura pelo coordenador do Bloco, João Semedo, e pela dirigente estudantil Ana Rosa, teve início o primeiro debate intitulado 'Universidade em crise: haverá alternativas?' com Fernando Rosas, historiador, e António Sampaio da Nóvoa, anterior reitor da Universidade de Lisboa. Sampaio da Nóvoa falou dessa tensão histórica, no que diz respeito à condução pedagógica, programática e administrativa da universidade, entre a ação cultural e a ação económica, concluindo que este último fator tem imperado sobre o primeiro. Fernando Rosas localizou na derrota da luta contra as propinas e da luta contra Bolonha duas das razões do atual refluxo. Reiterando a importância das Associações de Estudantes e de criar espaços culturais e políticos não normativos que combatam a hegemonia instaurada, trouxe ao debate a mercantilização da Universidade, da ciência, a cultura das praxes, os exemplos históricos do movimento estudantil e a importância de encontrar alternativas.
Com João Teixeira Lopes e Irina Castro discutiu-se o que escondem os cortes à investigação científica, mas também que ciência queremos para que sociedade e os desafios colocados pela autonomia do campo científico. As lutas dos bolseiros de investigação, a representação laboral destes setores, a representatividade dos investigadores e bolseiros nos próprios Órgãos da Universidade estiveram também em debate.
No ultimo debate do dia, Sandra Monteiro, diretora do Le Monde Diplomatique, Paulo Pena, jornalista e Mariana Gomes, dirigente estudantil, refletiram sobre a história do movimento estudantil e lançaram pistas de como agitar os estudantes atualmente. O debate sobre a politização estudantil e sobre os temas e as formas de ação foram discutidos. Paulo Pena lembrou a “luta pelo convívio” no final da década de 1950, Sandra Monteiro problematizou as limitações que a aceleração do tempo e a pressão do Mercado impõe à própria vivência estudantil e a uma cultura de protesto e de ação coletiva.
No encerramento, Marisa Matias contextualizou as questões do ensino e da ciência e incitou os estudantes do Bloco a levarem às escolas a informação, a agitação e a luta contra a ditadura financeira e pela democracia.
Texto de Inês Tavares