quarta-feira, 11 abril 2018 16:35

Bloco e trabalho local: 8 tópicos para reflexão

Contributo de Carlos Patrão.

Questões a reflectir para melhorar o nosso trabalho local:
    •    Persistência;
    •    Envolvimento no terreno;
    •    Activismo local;
    •    Representação;
    •    Questões estruturantes;
    •    Trabalho em rede;
    •    Estratégias locais;
    •    Comunicação.
    •    
O trabalho local tem-se confirmado como um dos campos mais exigentes para a afirmação do BE. Já o sabíamos há muito, mas, apesar de tudo, tem sido feito caminho e nas últimas eleições autárquicas o BE elegeu mais 5 vereadores, totalizando hoje 12 eleitos em Câmaras Municipais: no distrito de Lisboa, +3 (Vila Franca de Xira, Amadora, Lisboa), +1 em Santarém (Abrantes) e +1 em Setúbal (Almada).  Mantivemos o número de eleitos em Portimão, Torres Novas, Entroncamento, Salvaterra de Magos, Moita e Seixal.

Estes resultados, animadores, resultam de trabalho persistente das concelhias, e dos aderentes, mas também do apoio das distritais e do BE nacional. Em VFX foram 20 anos de trabalho local, com apresentação de listas a órgãos autárquicos, que começou em 1997, ainda não havia BE, através de uma lista do PSR à Assembleia Municipal, que integrei como independente com muitos dos que hoje militam no BE a vários níveis, nomeadamente local, e com outros que continuam independentes, e que culminou em 2017 com a apresentação de listas a todos os órgãos autárquicos do concelho, nomeadamente a todas as juntas de freguesias, e a eleição de representantes do BE em todos eles: 6 eleitos em 5 Juntas de Freguesia, 3 na Assembleia Municipal e 1 Vereador.

Para além da persistência, o envolvimento no terreno, que culmina com a apresentação de listas nas eleições autárquicas, tem sido uma constante da nossa actividade política e um dos nossos cavalos de batalha. É ele que em grande medida determina a obtenção (ou não) de bons resultados nas eleições autárquicas, e o único garante dos mesmos quando o BE a nível nacional não está tão bem. Não deixando de reconhecer que nas últimas autárquicas o bom momento do BE a nível nacional, ainda no rescaldo das eleições legislativas de 2015, foi uma preciosa ajuda para os bons resultados autárquicos obtidos em 2017, sim, consideramos que os resultados nas últimas eleições foram bons, mesmo que a comunicação social neo-liberal ao serviço da Direita os desdenhe. Em VFX o BE está no mesmo patamar de resultados eleitorais que toda a Direita junta (PDS, CDS, Movimento Partido da Terra e PPM), tendo-lhe retirado um dos dois vereadores do anterior mandato. A nível nacional passámos de 246 eleitos (CM: 8, AM: 100, JF: 138) para 350 mandatos (CM: 12, AM: 125, JF: 213), o que corresponde a um aumento percentual de 42%.

O trabalho no terreno é duro e difícil, pois necessita de muitos contactos e auscultação, com as populações, com o movimento associativo, com outras entidades, e de um envolvimento profundo nos problemas locais, mas é o único que nos pode garantir que trabalhamos em prol das populações, respeitando sempre a independência dos movimentos sociais, uma das marcas distintivas do BE relativamente a outras forças políticas que, por exemplo, não abdicam do seu controle orgânico de associações, o que tem valido sempre a nossa crítica veemente. Este trabalho, cujos resultados só são visiveis a médio/longo prazo, fica facilitado quando as concelhias procuram agir em conjunto com activistas locais, abrindo o partido à sociedade civil, nas suas actividades e, depois, na elaboração dos seus programas autárquicos e na constituição das listas para concorrer às eleições autárquicas.

As questões da representação do BE nos órgãos autárquicos não podem ser descuradas. Se o trabalho de base é feito no terreno, é através dos eleitos nos órgãos autárquicos que são apresentadas as propostas e as acções que visam resolver os problemas e concretizar os programas sufragados. A este nível o BE tem um longo caminho a fazer, necessita de quadros com preparação técnica e política que possam apoiar os eleitos locais, todos nós esbarramos com limitações na forma como concretizamos as nossas propostas por défice de conhecimentos técnicos, seja ao nível do urbanismo, da mobilidade, do ambiente, etc, e, sobretudo, do ponto de vista jurídico. Para sermos um grande partido autárquico teremos que dar um salto qualitativo nas propostas que fazemos nos órgãos a onde estamos eleitos, e tal só é possível se tivermos um domínio técnico, para além do político que apesar de tudo vamos tendo, sobre os dossiers em mãos.

A importância das questões estruturantes: Ambiente, Desenvolvimento Económico e Social, Educação, Cultura, Habitação, Igualdade, Mobilidade/Transportes, Transparência. Não nos podemos apresentar como um partido de uma causa, ou sobretudo de causas fracturantes, temos que ter uma visão para todos os munícipes e para todas as áreas que são geridas pelo Município. O BE tem que se assumir como um partido de poder, que quer o poder para almejar resolver os problemas, tal não significa que abdiquemos do nosso ADN de protesto, mas não podemos rejeitar o poder que o voto popular nos dá, só assim poderemos ser úteis aos nossos eleitores.

O trabalho em rede com outros eleitos e estruturas locais do BE, de outros concelhos (e distritos, e regiões) e a articulação com o grupo parlamentar, é também de importância vital para nos afirmarmos como partido autárquico. Só assim poderemos atacar problemas graves que nos afectam e que extravasam largamente o âmbito local, como por exemplo os problemas ecológicos do rio Tejo, a co-incineração de resíduos, a gestão dos resíduos sólidos, os transportes. Como exemplos recentes de resultados conseguidos de uma boa articulação e sinergia com o grupo parlamentar podemos destacar a nova lei da qualidade do ar por causa da legionella, e o projecto de resolução da necessidade dos estudos epidemiológicos em Alhandra por causa da co-incineração na CIMPOR.

Precisamos estimular e apoiar a definição de estratégias locais, contemplando aspectos específicos e originais, que tornem o BE num exemplo de democracia autárquica, sem deixar de respeitar as directivas nacionais, mas incorporando sempre especificidades locais que permitam ir ao encontro dos anseios mais profundos das populações, e evitar a determinação exclusiva das políticas locais com base na derivação de estratégias definidas a nível distrital e nacional, para não soarmos a uma cassete, caixa de ressonância de outros que estão muito longe e que não compreendem as questões locais de uma forma cabal e esclarecida.

Por último, mas não menos importante, precisamos de traçar e aplicar uma estratégia de comunicação eficaz sobre o trabalho local do Bloco, internamente – entre e para os eleitos e activistas locais, regionais e nacionais – mas também para fora do BE, conferindo maior visibilidade e mais transparência à intervenção que se vai desenvolvendo por todo o país, permitindo respostas atualizadas e claras a perguntas dos cidadãos e das cidadãos, que não esperam pelas campanhas eleitorais, tais como: Que anda o BE a pensar e a fazer nas autarquias, e por aqui onde moro/estudo/trabalho? Que combates anda a travar para além do Parlamento e das Manifs em Lisboa?
    ⁃    
Carlos Patrão, Vereador Eleito do Bloco de Esquerda em Vila Franca de Xira (2017-2021)
Vila Franca de Xira, 28 de Abril de 2018

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