
"Quando critiquei Ferreira do Amaral por, ao ter sido ministro, permitir à Lusoponte o exclusivo das travessias do Tejo e agora ser presidente da Lusoponte, isso é uma responsabilidade política", disse Louçã, dando ainda outro exemplo: "A existência de biombos em sociedades offshore é uma responsabilidade que levou a que as contas do BCP estejam erradas desde 2000 [...] Quando cinco dos administradores do banco que decidiram estas operações saem com 70 milhões de euros, os nomes são Jardim Gonçalves e é preciso discutir a responsabilidade dessas pessoas".
Sobre as palavras de Marinho Pinto, que alertou para casos de corrupção e tráfico de influências nas altas esferas do Estado, Louçã diz que "o Bastonário tem uma responsabilidade que é só dele, que é concretizar as suas afirmações", disse, sustentando que as reacções dos deputados do PS e PSD às declarações provam que "há um grande nervosismo em todos os que governaram o país nos últimos anos quando o tema éa corrupção".
O dirigente do Bloco participou no II Encontro Autárquico do Bloco/Algarve, em Loulé, e esteve também reunido com a presidente do conselho de administração do Hospital Central do Algarve e o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, tendo visitado de seguida o serviço de urgências. Trata-se de mais uma visita para conhecer "o que há de bom e de mau" nas unidades de saúde do país. No caso algarvio, Loução foi peremptório: "Eu sei é que não quero ficar à espera de um hospital durante quatro, cinco ou seis anos só porque ele vai ser entregue a um grupo privado".
Recordando as palavras de uma gestora do BES/Saúde, segundo a qual "a saúde é o melhor negócio a seguir ao negócio das armas", o coordenador do Bloco de Esquerda sublinhou que a saúde "não é um negócio", mas uma necessidade consagrada de todos os cidadãos.
As falhas ocorridas num pedido de socorro em Alijó e a comunicação -transmitida pela comunicação social - entre bombeiros e INEM, demonstrando a impotência dos serviços para acorrer em tempo útil à emergência, suscitou a preocupação do país. Louçã ressalvou que no caso da morte de Alijó, tal como na da criança de Anadia, "não era possível fazer nada" para salvar as vidas, mas deve concluir-se que "os bombeiros de Alijó e de Favaios não são capazes de responder a uma emergência quando essa emergência puder salvar uma vida". O Bloco quer chamar o presidente do INEM ao parlamento pela necessidade de "olhar para o detalhe", sem prejuízo da necessidade de um debate nacional sobre urgências com o ministro Correia de Campos.