
O contacto com a população arrancou ainda de madrugada, com pontos de distribuição nos principais terminais de transportes na Grande Lisboa e noutros pontos do país. Entre muitos outros locais, a Jornada passou por fábricas como a Rhode a Yazaki Saltano, a Grundig e a Simoldes, com a mesma determinação na luta que os deputados, autarcas e militantes do Bloco levaram às ruas de dezenas de cidades.
Ao fim da tarde, no Porto, Francisco Louçã interveio num comício em plena Rua de Santa Catarina e falou da crise e da "política de insensibilidade social do Governo", assente na "brutalidade social que atinge os mais fracos". O resultado destas políticas na vida dos cidadãos está à vista: aumentos de "25 por cento" dos custos com as prestações do crédito à habitação, "30 por cento" no pão e "7,5 por cento" nos serviços de saúde.
"Há uma força de protesto e indignação que sabe fazer as contas. Meio milhão de desempregados, dos quais cerca de 300 mil já não recebem subsídio de desemprego. Os lucros das 10 maiores empresas subiram para 6.000 milhões de euros. 35 mil euros de reforma para o antigo presidente do BCP", afirmou o dirigente do Bloco.
Para ilustrar a desigualdade social em Portugal, Louçã voltou a lembrar o banco que fez os portugueses, com os seus impostos, pagarem 50 milhões de euros do prejuízo das suas operações financeiras agora investigadas pelas autoridades de supervisão. "Um administrador do BCP ganhava 300 mil euros por mês. Ganhava num mês o que outros ganham em 30 anos de trabalho", sublinhou, apelando à "luta contra a injustiça e a insensibilidade".
Na capital, as distribuições concentraram-se nos interfaces de transportes. No Cais do Sodré, ninguém ficava indiferente à cara sorridente de Sócrates na capa do jornal, acompanhado dos números do desemprego e das promessas eleitorais que foi quebrando ao longo do mandato. Ana Drago falou de um "sucesso inesperado" devido à grande procura do jornal, e à evidência de que "as pessoas estão zangadas com José Sócrates". "Algumas contam que têm os filhos desempregados, queixam-se que as pensões são uma miséria, que os hospitais estão a fechar. Falámos com imigrantes que estão à espera de resposta sobre o processo de legalização", disse a deputada no fim da distribuição que esgotou a propaganda numa hora.