sexta-feira, 30 março 2007 18:25

Toyotismo, fordismo e taylorismo

toyotismoMuito se tem falado nos últimos tempos de precariedade, de crise no movimento sindical, de Toyotismo, Fordismo e Taylorismo. Penso no entanto, e desculpem a sinceridade que esta discussão tem sido um pouco vazia, baseada em leituras de textos de outrem, sem a referência critica que qualquer análise digna deve ter. O Bloco de Esquerda deve ter, a bem, até da sua credibilização junto da classe trabalhadora, uma linha de pensamento própria, estruturada e entendida por todos para que se possa fazer o caminho que acharmos mais correcto para dar a volta á situação que actualmente se vive.
Texto de Daniel Arruda

Este texto não pretende ser um lugar de verdades. Este texto pretende abrir temas. Pretende abrir á discussão outras perspectivas para que daí nasça uma discussão sobre o caminho que deve ser trilhado por uma força de esquerda e socialista moderna como o Bloco de Esquerda pretende (e é) ser.

Se este texto provocar alguma discussão, já me sentirei um pouco realizado. Pelo menos parte do objectivo foi conseguido.

Evolução industrial e capitalista e as respostas do movimento sindical

Os vários estádios por que a industria e consequentemente o capitalismo passaram até aos nossos dias e até chegarem ao que é consensualmente chamado de neoliberalismo são a meu ver fundamentais para podermos estudar a evolução do movimento sindical e o seu continuo decréscimo de influencia e chegarmos a sobejamente conhecida crise que o movimento sindical atravessa nos dias de hoje. È também minha opinião que um capitulo dedicado a este tema deve ter uma especial atenção aos contextos socio-económicos e territorial em que se deram as grandes ofensivas capitalistas pois essas características são fundamentais para se poder discutir as nuances e derivações que o Toyotismo assume consoante o lugar do Planeta é aplicado ou o porque da decisão da não aplicação do Toyotismo noutros lugares. Penso que esta reflexão também é necessária para percebermos o Toyotismo e decifrarmos a solução do problema que a meu ver tem afectado e afectará nos próximos anos o movimento sindical, que é o da falta de novas respostas para novas provocações do neoliberalismo.

Da revolução industrial aos dias de hoje

A 1ª revolução industrial tecnológica vem com a máquina a vapor, os caminhos-de-ferro e com o tear mecânico. A 2ª e responsável por um novo salto no desenvolvimento do capitalismo veio com a electricidade o petróleo e o aço. A terceira tem como base a energia nuclear a informática e a biotecnologia. Ora o traço comum são, a grosso modo, as fontes de energia, as vias de comunicação e os equipamentos. Mas a sequência e interligação vai muito além da adopção de novos padrões.

 A revolução industrial surge em Manchester por volta da década de 80 do sec.XVIII. e surge na Inglaterra que, mesmo antes de se tornar no berço do capitalismo, já era uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do planeta., ou seja a condição sócio económica de um País, como condição de referência no salto qualitativo da ideologia capitalista. A 2ª revolução vai ocorrer nos Estados Unidos da América, quando Ford resolveu pegar e aplicar as ideias de "organização científica" do trabalho (divisão do trabalho manual e intelectual - pesquisa e desenvolvimento, engenharia e organização racional do trabalho/execução desqualificada) de Taylor na produção automóvel.  

Os EUA eram a potencia emergente da época, ponto de destino de mais de 33 milhões de emigrantes no fim do sec XIX inicio do século XX e que acabaria por ultrapassar a Inglaterra como potencia do ponto de vista económico. Os emigrantes foram o combustível que o Fordismo necessitava para produzir em massa e para as massas.

O Fordismo era no entanto um conceito limitado como o tempo o veio a provar. A primeira contradição do sistema Fordista é exactamente o conceito da produção de massas para um consumo de massas. (aliás a relação entre trabalhador e consumidor será abordada num ponto independente mais adiante). A ideia que uma linha de montagem automática facilitaria o aumento da produtividade, do lazer e consequentemente do consumo. O que não era previsto no sistema fordista eram as crises cíclicas que se abatem sobre o sistema capitalista. Varias foram as razões para o colapso do sistema fordiano, entre os quais o facto de quer a Europa e o Japão começarem a recuperar da guerra mundial e começarem, especialmente a Europa a criar excedentes de produção diminuindo de sobre maneira as importações vindas dos EUA e também devido ao aumento do poder de compra e consequente baixa do juro nos EUA, mas o ultimo e se calhar o mais importante foi o choque petrolífero da década de 70 do sec. Passado.

Na terceira revolução industrial dá-se a viragem da era industrial e também do capitalismo. Ao contrário do que aconteceu nas duas primeiras revoluções ou estádios do capitalismo a 3ª revolução dá se não num país desenvolvido ou emergente mas sim num país devastado e derrotado na segunda guerra mundial. O Japão, ao contrário do que tinha acontecido nos EUA que tinha visto o seu país "engordar" com remessas e mais remessas de emigrantes, é na altura um país que tinha perdido 1,2 milhões de pessoas consequência da guerra. È ao contrário da Inglaterra da 1º revolução, um país que mais uma vez devido á 2ª Guerra Mundial e aos 5 anos de ocupação americana, perdeu a quase totalidade do seu parque industrial.

É nesta diferença que se dá a grande viragem do capitalismo, em grande parte devido as necessidades específicas de um país destruído, sem matéria humana e sem matérias-primas em muitos casos. Estas condicionantes são importantes para entender-mos aquilo que posteriormente foi chamado de Toyotismo e as suas diversas dinâmicas locais á escala planetária.

Mas nem só de questões sociais se faz a diferença deste estágio para os outros. Também a nível geográfico o Japão estava nos antípodas de ser uma referência. Um país com cerca de 378.000m2 (pouco menos que a Alemanha ou a Finlândia) mas onde cerca de 80% do solo é montanhoso e praticamente imprestável nos mais diversos sentidos. Também culturalmente o Japão é um país diferente e isso faz alguma diferença no implementar de uma filosofia.

É nesta conjuntura que se começa a desenhar o Toyotismo. Perante uma indústria arrasada os japoneses reergueram-na em moldes mais actuais. Para contornar a escassez de matéria-prima cortaram o desperdício até quase zero criando eliminando o desperdício e criando o conceito de produção magra. Devido ao reduzido espaço físico reduziram ao máximo os stocks de produtos e matéria-prima criando o conceito de Just in Time (JIT). Devido a concorrência das grandes empresas Norte Americanas o Japão mobilizou o estado e o patriotismo do povo. Cortaram custos desnecessários ampliando o tempo Produtivo do equipamento, diminuindo o tempo de paragens não planeadas através de planos preventivos e o tempo produtivo do operador fazendo-o operar ao mesmo tempo diversas maquinas e ao mesmo tempo zelando pelo qualidade limpeza e manutenção do produto e maquina criando assim o conceito de flexibilidade e polivalência. Mas o Toyotismo não é só isso. É todo um conjunto de conceitos e prática que no seu conjunto são a essência do sistema.

Mas se o sistema capitalista mudou e evoluiu, criando anticorpos aos movimentos de trabalhadores "refinando" chantagens e movimentos de bloqueio, o que fez o mundo sindical.

O caminho do sindicalismo do esplendor á crise

Os movimentos de trabalhadores andam historicamente em contra ciclo com os momentos industrialmente marcantes ou de outra forma, por cada momento de acção do capitalismo corresponde um momento de reacção por parte dos sindicatos sendo que têm a particularidade de em cada novo ciclo a acção do capital ser mais forte e a reacção do movimento sindical mais fraca, até ao marasmo que os movimentos de defesa dos trabalhadores estão hoje.

Sabendo que estou a usar um chavão, acho que é importante e até necessário que se conheça o nosso passado para saber onde estamos e podermos projectar um futuro. Numa época de mudança no nosso movimento sindical, umas forçadas, outras devido ao curso natural da história é importante sabermos como chegámos até aqui.

Este texto é composto de várias partes não ordenadas temporalmente. Pretendo focar vários temas que embora relacionados e possíveis de ocorrer no mesmo tempo representam estágios diferentes. O texto começa no ano de 1830, com o início da internacionalização da luta dos trabalhadores.

O inicio da internacionalização da luta dos trabalhadores

É por volta de 1830 que os trabalhadores, especialmente os europeus começam a tomar consciência da sua situação de assalariados e explorados e nasce a sua consciência de classe. Esta tomada de consciência aparece ou é acompanhada de uma agitação crescente onde também já fazem parte algumas manifestações públicas e as primeiras revindicações sociais e politicas. Estas primeiras manifestações de consciência de classe surgem em Lion e são como que um sentido orientador para as tentativas de internacionalização da luta dos trabalhadores que se seguiram.

Não se pense que o conceito das internacionais tem início em Karl Marx e Friederich Engels. Os primeiros passos na luta revolucionária foram dados num país propício a ser um laboratório de experiências sociais, a Bélgica, cuja formação enquanto país remonta a 1830. A Bélgica de então vivia um forte crescimento industrial e uma diversidade enorme de pessoas e condições sociais exactamente devido ao crescimento aí verificado. È neste cenário que nasce Sociedade de Fraternização que lança o primeiro jornal virado para os trabalhadores, neste caso os Flamengos, "O amigo sincero dos Trabalhadores". Este movimento é visto por muita gente como o primeiro passo para a internacionalização das lutas já que esta experiência Belga é baseada em várias outras, especialmente inglesas, o berço do 1º revolução industrial. Mas é em Junho de 1836 em Londres nasce a London Working Men Association e com ela o primeiro grupo político de consciência revolucionária e que verdadeiramente dá a luta revolucionaria o caracter internacionalista que ela necessitava. Este carácter é reforçado pelo manifesto Working Men Association destinado aos trabalhadores Polacos.

Já nessa altura, 24 de Outubro de 1871 esta associação de Trabalhadores declarava as questões ligadas ao trabalho não como um problema local ou nacional mas sim social,"That the emancipation of labor is neither a local nor a national, but a social problem..."E mais consideravam a luta dos trabalhadores e a sua emancipação económica como um imperativo político "That the economical subjection of the man of labor to the monopolizer of the means of labor - that is, the source of life - lies at the bottom of servitude in all its forms, of all social misery, mental degradation, and political dependence;

That the economical emancipation of the working classes is therefore the great end to which every political movement ought to be subordinate as a means".

Exactamente aquilo que o movimento sindical perdeu ao longo de cerca de 150 anos. A interacção entre o social e politico como forma de revindicação. Existiram é facto condições para que assim acontecesse, e daí eu atrás referir que a luta anti-capital foi uma luta de acção/reacção em que o capital aprendeu sempre algo após cada embate e o usasse. O sindicalismo, esse, ficou, utilizando uma expressão do boxe, cada vez mais encostado ás cordas.

Neste período pré e imediatamente pós Marxista houve outros factores dos quais destaco dois pela importância que têm e pela repetição que sofrem na história com outros protagonistas. Em 1º lugar a divisão existente entre os diversos grupos, de pensamento divergente no seio do movimento anti-capitalista e que mais do que uma frente de combate para fora consumiam-se em lutas e guerrilhas uns contra os outros. São aliás conhecidas as zangas e desaguisados que Marx frequentemente provocava nas publicações onde escrevia. O outro factor que penso que seja de ressalvar é a oposição feroz que os pensadores Saint-Simonistas faziam ás teses social-libertadoras de então. Então, como hoje, o capital já tinha percebido a importância dos fazedores de opinião, não na escala actual devido a expansão dos media, mas numa escala reduzida, para uma pequena burguesia emergente.

Muito se passou na luta sindical desde 1870 até á fase Fordista onde vamos parar a seguir, pois penso que será mais útil focalizar-mos a interpretação dos factos aos grandes momentos da história. Poderíamos comparar estes momentos a uma erupção vulcânica que tem o seu "boom" e depois é seguido de réplicas de intensidade variável mas que também provocam estragos. Até ao "boom" seguinte.

Uma nota previa a descrição seguinte. Os exemplos que vão ser referidos são Americanos e é sabido que o Fordismo foi aplicado de formas ligeiramente diferentes nos EUA e Europa e como tal também com realidades sociais e politicas diferentes. No entanto a experiência sindical norte-americano demonstra bem o caminho geral que o sindicalismo mundial leva a partir de então.

O Fordismo como já atrás foi referido dependia de uma grande massa de trabalhadores para a execução das tarefas rotineiras que lhes era destinada. Ora o Fordismo rapidamente percebeu que tal situação facilitava aos sindicatos pois era propícia a um aumento do poder de classe. A primeira medida para eliminar tal possibilidade foi o direccionar ataques ao movimento sindical sob o argumento do "aparelhamento Comunista" dos sindicatos.

Com a lei Wagner de 1933 os sindicatos haviam adquirido o poder da negociação colectiva mas no auge da Histeria Macarthista os sindicatos sucumbiram á lei Taft-Hartley em 1947. No entanto esta "derrota" não retirou tudo aos sindicatos. Estes mantiveram um relativo poder nas indústrias de produção de massa mas tal como foi referido atrás este poder deixou de ser um poder nas questões politica para passar a ser um poder nas questões meramente sociais. Como é fácil de reparar o sindicalismo que nasceu no sec XIX e que tinha as vertentes sociais e politica já deixava pelo caminho um dos seus pilares fundamentais.

A Lei Wagner basicamente consistia na criação de regulamentação de uma série de institutos e formas de organização cuja missão é basicamente a mesma só que para diferentes ramos: ajudar os investigadores de trabalho a achar trabalhos e formas de trabalho e empregadores achando os trabalhadores qualificados. Regulou também os planos de formação quer ao nível de frequência quer ao nível da duração anual. Os serviços oferecidos aos empregadores, para além de indicações de investigadores de trabalho para criação de locais de trabalho, incluem ajuda em desenvolvimento, ajuda aos empregadores com necessidades de recrutamento especiais, organizando Feiras de Trabalho. São também os institutos regulamentados por esta lei que vão ajudar na formação e requalificação de trabalhadores quando o seu "tempo" num dado posto de trabalho chega ao fim.

Para termos uma ideia desta lei posso dizer que as primeiras comissões de higiene e segurança no trabalho são criadas pelos sindicatos juntamente com as identidades patronais ao abrigo desta lei.

Em 1948 e já em plena época neoliberal esta lei sofre uma emenda e é alterada substancialmente a letra da lei e a esvazia das suas funções sociais. Mas na realidade esta lei já era quase letra morta pois a lei Taft-Hartley em 1947 já tinha na realidade anulado grande parte do acordo laboral anterior. A grande novidade desta lei é no entanto a limitação do direito a greve e a outros direitos dos trabalhadores como o da limitação do direito de associação.

É minha opinião que esta lei de 47 deve ser enquadrada para não parecer que apenas mais uma lei capitalista. O Fordismo priveligiava a produção para consumo interno. No período antes da 2ª Guerra Mundial os EUA já produziam excedentes enormes e era com esses excedentes que inundavam o mercado Europeu incorporando o continente europeu no sistema Fordista. Ora em 1947 a Europa estava em plena Guerra e o consumo claramente diminuiu, como é normal, da mesma forma que o consumo de material de guerra aumentou no mundo todo. Tudo isto provocou grandes alterações do outro lado do Atlântico pois empresas tiveram de ser reconvertidas pois não eram viáveis nos produtos que produziam, outras tiveram de despedir empregados e outras ainda pura e simplesmente fecharam. Neste contexto a lei de 33 era um empecilho que urgia eliminar. Mais que isso, era importante eliminar a nascença os focos de contestação que a população trabalhadora poderia iniciar.

Pondo as questões de outra forma, é nesta altura que se dá verdadeiramente o início da precarização das relações laborais. O inicio das subcontratações, dos vínculos precários, o inicio do fim das regalias sociais.

Para nos situar no tempo estamos na América no início da década de 50. Inicio também da era neoliberal. Na Europa por outro lado estamos a começar a era social liberal do pó guerra. Um mundo a dois tempos que não serve os interesses do capital. Esse mundo a dois tempos iria acabar com a 3ª revolução industrial e irá ter a sua unificação com o fim do estado social europeu no fim do século.

Como saíram os sindicatos de mais este "boom"? Como já vimos atrás nos EUA os sindicatos perderam a sua capacidade politica e ficaram apenas com a vertente social. Mesmo essa foi sendo esvaziada ao longo do tempo pelo que no início dos anos 80 os sindicatos americanos eram algo muito facilmente confundível com associações patronais. Na Europa e como será fácil de adivinhar pelo atrás descrito a situação era diferente pois o continente devastado do pó guerra apostou numa politica de cariz aparentemente social. Mas será que os sindicatos se fortaleceram nesta situação? É meu entendimento que não. Envolto no clima do pó guerra e das políticas o sindicatos de referência europeus em muitos casos social democratizaram-se. Ao contrário do exemplo americano onde os sindicatos foram reprimidos, na Europa o sindicalismo foi em muitos casos absorvido e onde debaixo de uma capa de influência politica foram entrando no jogo do poder e das classes dominantes. Devido á conjuntura a meu ver, os sindicatos europeus tiveram o mesmo destino dos americanos. Ao deixarem de ser diferença politicamente apenas continuaram a ter influência social e mesmo essa era regulada/influenciada pelo que o estado achava ser a linha correcta.

Outro factor de grande influencia no sindicalismo europeu foi mais uma vez e a exemplo do que já se tinha passado em 1870 a guerra interna nas esquerdas que de uma forma geral continuaram a perder mais tempo em se afirmarem no seu espaço que a combater e conquistar o espaço ao capital.

Chegamos a ¾ do sec XX e o que nos resta de que originalmente foi concebido para ser a arma de uma luta de classes que previa a emancipação da classe trabalhadora e a conquista do poder. Restava ao movimento dos trabalhadores a sua vertente social com especial concentração na agitação que deveria obrigar o poder Politico a reflectir e a mudar. Tarefa difícil, essa, quando a Influencia politica é nula e a consciência de classe é algo á muito esquecido.

Toyotismo, apenas laboral ou estrutura social

Confesso que esta parte me custou a escrever. Não sabia por onde começar tal a quantidade de factores que estão interligados. Até pensei em mudar o título. Será que tudo isto é toyotismo? Ou será que isto é educação? Ou será que é imigração? Ou ainda movimentos sociais? Ainda não sei mas como o objectivo final destas linhas é fazer debate sobre movimento sindical e as suas na resposta a crescente precarierização das relações laborais vou deixar o título assim e vou iniciar a minha divagação.

Como já atrás foi referido o Toyotismo nasce numa situação social, demográfica e cultural específica. O Japão do meio do século XX é uma sociedade do "nós" e não do "eu". É uma sociedade que vê na solidariedade social um factor de mais valia. Exactamente o contrário do que se assiste hoje. É esta contradição de fundo que a meu ver explica em grande medida o actual estádio das coisas. É uma forma simplista de ver as coisas, é correcto, mas é no entanto uma enorme diferença. Se calhar é a diferença que marca uma esquerda política e social em antítese ao neoliberalismo. É esta diferença que me vou propor a explicar se calhar de uma forma confusa pois a ideia de escrever sobre este tema nasce exactamente das ideias pouco claras que existem.

O que é o Toyotismo?

O Toyotismo é um conjunto de conceitos variados que compõem uma nebulosa. Não é por isso definir Toyotismo por si só. A grande e principal invenção do Toyotismo é simultaneamente a sua grande diferença em relação ao Fordismo, o trabalho em equipa.

A figura a seguir tenta demonstrar a graficamente o que é este sistema.

graficoarruda_1

Logicamente que o acima representado não é todo o toyotismo mas penso que representa as grandes linhas orientadoras.            O que me proponho agora é tentar explicar alguns dos conceitos mais emblemáticos em pormenor de modo a que mais facilmente possam ser entendidos bem como o Toyotismo no seu todo.

Colaborador
O elemento fundamental na teoria Toyotista

A primeira e talvez a alteração ideológica mais profunda do Toyotismo é a substituição do conceito de trabalhador pelo conceito de colaborador. Mais que uma alteração de semântica é um corte ideológico que inicia a grande viragem dos conceitos e da relação de forças. Durante toda a época industrial até meio do Sec.XX via e definia o Homem como sendo apenas e só uma força de trabalho, tese essa, bem visível na teoria fordista da produção de massa para as massas. O papel passivo deste elo da corrente produtiva não só era apregoado como incentivado. O "eu" consumidor era uno com o "eu" trabalhador e não oferecia nenhum tipo de contradição. O trabalhador era por assim dizer mais um equipamento. Aliás esta noção de Trabalhador/ Equipamento e a diferença para o Colaborador / Equipamento ira ficar mais clara mais a frente aquando da explicação do processo KAIZEN. O colaborador por sua vez aparece como sendo parte de algo - não deixando de ser equipamento - que serve os interesses de todos. O colaborador Toyotista é parte da unidade industrial, que veste a camisola e contribui activamente para o "bem-estar" de todos.

É com base nesta alteração que o sistema Toyotista se começa a desenvolver e é aqui que cria as bases para todos os outros processos, uns inventados outros re-inventados.

KAIZEN
Uma Filosofia de trabalho e de empresa

O que significa KAIZEN? KAI significa mudança e ZEN significa bom ou para melhor e o significado destas palavras juntas é o de melhoria continua e que é considerada por muitos teóricos como uma atitude ou forma de vida.

A primeira grande diferença para com os sistemas anteriores é o facto de enquanto as anteriores filosofias implicavam uma estratificação vertical e estanque em pirâmide esta defende a transversalidade das decisões criando e estimulando os pontos de interacção. Isto que não as torna empresas horizontais entenda-se.

Atrás foi referida a especificidade do Japão enquanto pólo da 3ª revolução industrial e isso obviamente reflecte-se em toda a filosofia. Estamos a falar de uma economia estagnada ou até em recessão e não de uma economia pujante em fase de grande crescimento. Ora nesta conjuntura o KAIZEN alicerça-se na segurança dos pequenos passos seguros em detrimento de aventuras ou riscos. Não investe em rasgos tecnológicos mas sim em conhecimentos convencionais, até porque na lógica de interacção estes são mais facilmente assimilados por todos. E não funciona numa lógica orientada em função dos resultados mas sim dos processos pois são estes que asseguram os resultados a médio longo prazo.

Vamos tentar desenvolver isto mais um pouco de modo a que fique compreensível a todos. A função de qualquer empresa é sem duvida alguma a satisfação do cliente, então a 1ª objectivo é o QCD, Quality, Coasts and Delivery (Qualidade, Custos e Entrega no prazo) e para isso necessita de aplicar as metodologias correctas para cada caso como seja o caso do MUDA, (eliminação de desperdício) do GEMBA (acção sobre o local de trabalho), 5S's (metodologia de limpeza e arrumação), Visual Management, TQC (Totally Quality Control) MMK (eficiência dos meios produtivos), TPM (Totally Productive Mainetnence) ou o FLOW (Gestão de fluxos)

MUDA - o Desperdício pode ser de várias ordens

- Produção em excesso

Existência de demasiados materiais, quer matéria-prima, material em processo ou produto final.

Material mal transportado

Esperas, Pessoal a espera de máquinas materiais ou outros utensilios de trabalho

Fazer mais do que o cliente está disposto a pagar

Produzir sucata ou defeitos a retrabalhar.

Na gestão KAIZEN todo este desperdício deve ser eliminado

Gemba - Porquê da importância do  GEMBA no Toyotismo. È aqui que o trabalho é realizado, é onde se acrescenta o valor ao produto, onde se pode e deve fazer a resolução dos problemas é onde estão os operadores, ou seja, as pessoas.

Qual é então a atitude KAIZEN em relação ao Posto de trabalho (GEMBA)?

Devem ser imediatamente verificadas máquinas e materiais, avarias defeitos ou situações perigosas. Devem ser imediatamente tomadas medidas temporárias até que se identifiquem as causas fundamentais para que s possam tomar contra medidas eficazes. Por fim a situação deve ser normalizada ou estandardizada. 

Qual é então a atitude KAIZEN na relação das pessoas com o Posto de trabalho (GEMBA)?

O Operador deve dispor de tempo para poder efectuar melhorias no seu(s) posto(s) de Trabalho e para isso deve ser incentivado quer através do sentimento de confiança entre os estratos hierárquicos, ou através do reconhecimento do trabalho efectuado. Outra condição essencial é de que quem idealiza o GEMBA não pode de forma alguma ser mais importante que quem a opera pois ambos são parte integrante do Processo.

Como foi visto no quadro mais acima o Toyotismo é muita coisa mas parece-me que no que já foi explicado se pode tirar o sentido e a concepção das ideias que esta filosofia pretende atingir pois a sua principal novidade, no que ás relações pessoais diz sentido reside no conceito quer de posto de trabalho quer na redefinição de trabalhador e na postura e compromisso que um têm com o outro. Grande parte do resto da filosofia gira em torno disto.

Toyotismo : Uma evolução de pensamento ou um modo de vida das novas gerações

Neste capítulo vou tentar abordar a parte mais conflituosa do tema Toyotismo. A pergunta que aparece no início não é apenas um título. É a meu ver aquilo a que se deve chamar o início de uma discussão. Isto por duas razões fundamentais. Será que á semelhança do Fordismo ou do Taylorismo o Toyotismo é apenas mais um modelo de produção industrial, ou será que já se tornou uma matriz de pensamento influenciador não só dos circuitos produtivos mas também da Educação, da Cultura, em suma, da nossa forma de estar perante a vida.

Senão vejamos, ao estudar um jovem adolescente e mais novo até é constantemente confrontado com o individualismo, a competição, o ser melhor. Por vezes parece que o espírito olímpico se tornou uma referência incontornável e inquestionável. Mais alto, Mais forte, Mais longe, são as palavras de ordem. È certo, e Psicólogos explicarão isso certamente melhor que eu, que é na Infância/Adolescência que se forma a consciência e o espírito do ser humano. O espírito individualista que é incutido no ensino que, tal como no mundo laboral e no Toyotismo em particular, vem disfarçado sob a capa de um espírito de equipa, de um "nós" muito próximo do "eu". O trabalho em equipa em que o "nós" está presente mas em que o ser individual é constantemente avaliado pela sua entrega, espírito e progresso.

Vejamos culturalmente. A chamada cultura de massas do sec XX, a televisão, não projecta, e continuamos a falar apenas dos escalões etários mais baixos, o conceito de grupo. Concurso de cultura geral para jovens em que sob a capa de um grupo escolar, cada ser individual é avaliado, censurado e reprimido pelo restante grupo. A sobrevivência do mais forte. Do "eu". Desenhos animados em que a luta é a história. Um herói que luta pelos outros, o "ele" em que cada "eu" se gostaria de rever. Em suma e não me alongando numa matéria em que não sou de todo voz abalizada, As pessoas crescem sem o sentido de grupo. Nada disto parece ter a ver com assunto em questão. Não teria se a ausência de sentido de grupo ou classe não fosse transportada para a vida laboral.

Esta é a primeira razão pela qual eu formulo a pergunta que dá título ao capítulo. Existe outra de peso a meu ver. E que está directamente ligada com a anterior. A relação "Eu" Consumidor v "Eu" Trabalhador.

Como suporte ao que vou tentar explicar escrevi um pequeno texto que penso vai ajudar a compreender o que quero explicar.

"O Zé e a Maria vão ser pais no final do ano. Nestas alturas que qualquer pai tem tanta coisa para fazer o Zé e a Maria não fogem a regra. Os planos são muitos. As fraldas começam a ser compradas com antecedência de 5 meses, não vá acontecer algo.

O Zé e a Maria já começam a fazer planos para o quartinho do bebé. A pintura, os móveis ... Hoje vão a uma loja e escolhem a mobília que gostariam de ter lá em casa. Mas não encontram exactamente o que querem. Faltam duas gavetas ao roupeiro e uma das prateleiras que lá está e desnecessária. A cama que tem gavetão é feia e a que eles gostaram não tem gavetão ainda por cima a cómoda que fica bem com a cama tem uns puxadores que não lembram a ninguém. O dono da loja ciente que a satisfação do cliente é o valor que realmente interessa, quer no produto, quer na realização dos prazos de entrega não olha a meios e oferece-se prontamente para realizar todas as alterações que o Zé e a Maria pretendem.

Os pais desejosos de verem a sua casinha pronta para a chegada do bebé, ainda que faltem quase 4 meses para que o rebento chegue, pedem a entrega das mercadorias para o domingo seguinte, pois é o único dia da semana que vão estar em casa, pois trabalham numa multinacional que trabalha por turnos e que emprega os conceitos de flexibilidade.

Nem o Zé nem a Maria se lembraram que era 5ª Feira e que os móveis ainda vinham de Paços de Ferreira. Não se lembraram porque não existe o hábito de nos preocuparmos com isso apesar de sermos diariamente vítimas de outros clientes, de outras mercadorias que querem as coisas o mais rapidamente possível.

As compras feitas, o Zé e a Maria vão para casa. Mas será que os empregados da fábrica de móveis irão."

Este texto é certamente um pouquinho lamechas, mas isto também não é um concurso literário. A ideia que pretendi passar foi a da dificuldade que temos em nos colocar na pele de outros, de trabalhadores iguais a nós, que sofrem e vivem diariamente as mesmas amarguras que nós. Escrevi á pouco que esta questão está interligada com a questão anterior, pois provem do mesmo egoísmo que nos é incutido quer na infância, na adolescência ou quando chegamos ao mundo laboral.

O "eu" consumidor é sempre colocado a frente do "eu" trabalhador como se de uma pescadinha de rabo na boca se tratasse.

A pergunta inicial mantém-se. Será que o Toyotismo é uma evolução de pensamento ou um modo de vida das novas gerações que se pode interligar com uma pergunta mais no início deste texto. Será que o capital evoluiu e ao criar novos modelos foi eliminando as resistências que foi encontrando no caminho até criar um modelo que para alem de laboral é também social. Aprendi ao longo da minha curta vivência que um texto de reflexão não tem forçosamente de conter respostas e este é um exemplo disso. Lanço duvidas e quanto mais caminho mais duvidas se me aparecem.

Um Caminho para um novo sindicalismo

Vamos neste capítulo partir de alguns facto que me parecem inquestionáveis. O movimento sindical atravessa uma crise sem precedentes na História. Esta crise tem alguns factores que me parecem óbvios. Como já foi explicado mais em cima o movimento sindical perdeu a sua vertente politica. Uns por decreto outros porque foram assimilados pela burguesia. Existe no entanto um terceiro grupo de sindicatos que não lhes aconteceu nem uma coisa nem outra. Pura e simplesmente tornaram-se estado e esses tinham a sua vertente politica. É o caso dos países do ex. Bloco de Leste em que um Partido dos "trabalhadores" detinha o poder. Durante muito tempo alguns sindicatos de Este, e portanto fora do bloco comunista, apesar de não terem poder politica tinham uma referência. Um objectivo a alcançar e um objecto com que se identificavam. É o caso de todos os sindicatos ligados aos Partidos Comunistas da Europa. Ora a queda do muro de Berlim retira quer o objectivo quer o objecto e torna o movimento sindical num enorme vazio.

É nesta fase que a meu ver os sindicatos europeus perdem o ultima pilar daquilo que os autores do manifesto Working Men Association definiam como sendo o Alpha e o Omega do sindicalismo ou da acção sindical. A sua vertente social, através de um afastamento da realidade e consequentemente da base.

A influência da ex-URSS é fundamental neste aspecto. Quando digo que durante o período ditatorial na ex-URSS os sindicatos de tendência soviética tinham um objecto e um objectivo não o faço só por constatar um facto. Faço-o porque o conceito que está por detrás de alguma ideologia me leva a isso. Pode parecer um pormenor de somenos mas o conceito de revolução ser feito com as massas ou para as massas é o ponto de partida para o afundamento de um movimento sindical forte. A ideia de um partido vanguarda líder das massas fazia sentido nalgumas cabeças até 1991. Para aqueles que após essa data continuou a fazer sentido foi o fim do movimento sindical. O que a sociedade procura neste momento é ainda um partido vanguarda mas que esteja com as massas em sintonia e colaboração.

Se calhar é importante que se definam massas neste momento. Penso que podemos caracterizar nesta sociedade Toyotista dois vectores chave. As massas não são um movimento uniforme, que se possam comandar. São seres que pensam individualmente e que podem estar organizados em pequenos grupos temáticos ou de interesse comum. O somatório dos vários interesses dá a massa. O 1º vector é o individualismo dentro de um grupo. O segundo vector que caracteriza as massas actualmente é o da competitividade que está ligado ao do individualismo e daí não fazer sentido a expressão do líder de massas. A massa é constituída, pelo menos é interiorizada assim pelos componentes por muitos líderes.

A primeira resposta que o movimento sindical moderno tem de dar é exactamente esta. Como sintonizar uma agenda que é por natureza divergente. Como congregar a volta da centralidade do trabalho as agendas dos vários grupos. Não falei sobre esta questão mas parece-me que na sociedade actual a questão do trabalho é central e deve assumir esse papel e é essa a segunda dificuldade do movimento sindical. Como na diferença marcar a centralidade do tema em respeito pelas diversas centralidades que andam a sua volta.

Quando estas questões forem resolvidas o movimento sindical recupera um dos pilares do sindicalismo. A força social.

Só que como aqui foi dito as massas são compostas por seres que pensam individualmente e que podem estar organizados em pequenos grupos temáticos ou de interesse comum. É certo que o movimento social não é uniforme a escala planetária. Em Portugal por exemplo temos uma fragilidade gritante a este nível. Aqui entra mais uma interrogação do movimento sindical. Como proceder perante esta realidade. Não me parece que seja boa "política" o querer assumir protagonismo fora de época. A atitude mais sensata é a de fomentar o aparecimento de uma consciência social ainda que por vezes nada pareça ter a ver com o mundo laboral, pois já assumimos a centralidade do trabalho atrás. Ser no fundo um irmão mais velho que aconselha, fomenta e que ganha apoios na sua causa que é no fundo a causa de todos. O movimento sindical foi sendo destruído ao longo de 200 anos. Não tenhamos a pretensão de o restaurar numa década.

Em relação a este ponto é de facto interessante estudar a experiência dos fóruns sociais de modo a se poder tirar ilações e em particular da experiência do Fórum Social Português.

A primeira conclusão que se pode tirar é que juntamente com o movimento sindical também os partidos políticos que se situam na esfera "ideológica" dos fóruns são abalados pela desconfiança e pela crise que a chamada sociedade civil tem em relação a estes. A atitude assumida por associações diversas em relação ás forças politicas é o espelho da realidade existente. Este exemplo é a meu ver a 1ª e a suprema razão para que assumamos no conteúdo o manifesto Working Men Association. A interligação dos valores sociais e políticos, senão vejamos. Existe uma crise de confiança entre as forças politicas e a sociedade civil, mas o movimento sindical é por vocação um movimento com uma grande componente politica e ao mesmo tempo um movimento social de massas que pela sua natureza poderá ser um congregador de agendas. Exemplos recentes não nos faltam e do qual queria realçar um em particular. O da ecologia ou ambiente. (não quero aqui ferir as susceptibilidades de quem acha que são, e bem, questões diferentes). Este é um excelente exemplo de como várias e diversas agendas se podem interligar e fazer trabalho.

Estamos então num ponto que quase poderíamos definir como ponto 0. Um ponto em que a influencia política é reduzida, a influencia social quase nula e em que a credibilidade está fortemente abalada. O que fazer? Penso que é esta a pergunta que nos devemos pôr partindo do princípio que partilhamos da análise feita ao estado quase decrépito a que chegou o movimento sindical especialmente á escala europeia. O Movimento Sindical vai ter de descer novamente á terra e largar a estratosfera em que tem vivido. Vai ter de saber ultrapassar muitos dos dogmas a que tem estado agarrado e modernizar o pensamento. Façamos um breve raciocínio, pois não sou de todo voz abalizada nesta matéria (como em tantas outras) mas vou tentar fazer-me entender. Desde o início do século XX quantas gerações já foram contabilizadas? Inúmeras. Quantas "revoluções" ou marcos culturais já ocorreram? Imensas. Quantas condições materiais, (transportes comunicações, ...) já evoluíram ou mesmo criadas? Um sem número. E o rol de enumerações poderia continuar. Agora pensemos em contraponto a quantos estigmas o Movimento dos Trabalhadores ainda está agarrado? Quantos fantasmas do passado ainda povoam os nossos pensamentos? Quantas práticas se mantêm há anos? Demasiados a meu ver. Há muitos que confundem o modernizar pensamentos equivale a dizer fazer cedências ao Capital. A meu ver nada de mais errado. Não se o virmos numa lógica de que o mundo mudou. Que o estudante já tem consciência de que será mais cedo ou mais tarde trabalhador. Que as lutas não se resumem ao local de trabalho ou á empresa. O movimento dos trabalhadores tem de compreender que a luta pela hegemonia tem de ir á educação e á cultura. Mais atrás tentei explicar que a grande inovação do Toyotismo foi a alteração global que quis e conseguiu introduzir a começar desde logo pelo conceito de trabalhador, alterando-lhe não só a denominação para colaborador mas alterando-lhe também a sua relação com o seu meio envolvente. Mas tal só foi possível alterando-lhe a sua vida quer na educação quer na cultura e aqui entenda-se a cultura no sentido mais lato possível, a tal ponto que muitos dos seus conceitos são hoje pacificamente aceites pelos trabalhadores, interiorizados e até defendidos. Parece-me que o movimento sindical ainda não se adaptou a esta nova realidade.

Como é fácil de perceber por esta última parte do texto não sou eu que vou ter as respostas para todas estas dificuldades, penso que ninguém as terá, mas há uma coisa da qual estou convictamente convencido. É que o Movimento Sindical não precisa de uma alteração de forma. Precisa de uma alteração de substância á luz das novas realidades que nos são apresentadas. Precisa de fazer com décadas de atraso a discussão que o Capital já fez e que já aplicou e da qual está a tirar resultados hoje e que se pode resumir de uma forma muito genérica na pergunta:

O que é preciso fazer para que se tenha a hegemonia cultural e qual a melhor maneira de educar as massas para que estas se tornem permeáveis aos nossos argumentos.

É esta questão que está posta na mesa. É esta a questão a que vamos ter de responder em 1º lugar. Não para lhe dar o uso destinado a subjugação de um ser por outro, como é feito pelo Capital, mas sim para podermos dar-lhe a forma necessária, para voltarmos a ter verdadeiros movimentos de massas capazes de se rebelarem contra o sistema uns pelos outros e não uns contra os outros.

Conclusão

Disse-o no princípio deste texto que ficou muito mais longo que o inicialmente previsto:

"Este texto não pretende ser um lugar de verdades. Este texto pretende abrir temas. Pretende abrir á discussão outras perspectivas para que daí nasça uma discussão sobre o caminho que deve ser trilhado por uma força de esquerda e socialista moderna como o Bloco de Esquerda pretende (e é) ser.

Se este texto provocar alguma discussão, já me sentirei um pouco realizado. Pelo menos parte do objectivo foi conseguido."

Não tenho a veleidade de ser um pensador, apenas alguém que se preocupa com o que se passa e que gosta de partilhar as suas dúvidas com os outros. Não espero que concordem comigo. Aliás, gostava que muitos discordassem a ponto de se iniciar uma discussão que como disse estar convictamente convencido ser central para o futuro da luta de classes.

Afinal não é da discussão que nasce a luz?

Daniel Arruda, Coordenador da CSHST da Autoeuropa, Delegado Sindical no Sindicato dos Metalúrgicos do Sul, Militante do BE

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