O coordenador do Bloco de Esquerda classificou a venda da Galp a Américo Amorim e José Eduardo dos Santos como o "novo mistério da Rua de São Bento", em resposta a declarações de José Sócrates publicadas este domingo numa entrevista ao Diário de Notícias.
Louçã comparava o mistério criado por Sócrates a propósito da Galp ao famoso livro de Eça de Queirós, só que agora em vez de ser "O Mistério da Estrada de Sintra" é o "novo mistério da Rua de São Bento", ironizou.
Na entrevista, referiu Louçã, Sócrates disse que o seu governo vendeu a Amorim "porque, e estou a citá-lo, se limitou a agir de forma patriótica e a impedir que a empresa passasse, como estava tudo preparado, para as mãos dos italianos" O coordenador do Bloco de Esquerda recordou que os mesmos italianos, a empresa Eni, "perigosíssimos, compraram um terço da Galp porque um determinado ministro, chamado Pina Moura, de um governo em que estava um outro ministro que se chama José Sócrates, aceitou que eles ficassem, perigosos como são, com um terço da Galp".
"Já começam a perceber a tramóia", observou: "o Governo, que é um grande patriota, no seu tempo anterior, vendeu um terço aos italianos, e o grande patriota no governo seguinte vende a Amorim e ao dinheiro angolano porque não quer que alguém venda aos italianos." Para Louçã, "Sócrates foi patriota contra ele mesmo": primeiro vendeu aos italianos e depois, para não vender mais aos italianos, vendeu a Amorim e ao presidente angolano.
O coordenador do Bloco fez ainda notar que o governo vendeu 1/3 da petrolífera por 1700 milhões de euros quando "todos os bancos consultados sobre qual era o valor da Galp" disseram que esta "valia mais 1000 milhões de euros": "Logo na venda o Estado perdeu, os portugueses perderam", acrescentou.
Pior ainda, Amorim e José Eduardo dos Santos ganharam em dividendos e em apenas dois anos, 1500 milhões de euros. "Quer dizer: em três anos já recuperaram tudo e já estão a ganhar. E nos anos seguintes só ganham."
Antes de Francisco Louçã, falou José Gusmão, que assinalou que o povo português assiste com alguma perplexidade o debate sobre o TGV. "Os dois partidos do bloco central agarram-se a este debate sem sentido porque não querem que se vejam as convergências políticas que tiveram nos últimos anos".
O almoço-comício foi aberto por Guilherme Pinto, cabeça-de-lista à câmara municipal de Torres Novas, que disse que o Bloco é a esquerda forte que se candidata para dar as respostas que o mundo contemporâneo precisa.
Falou também Célia Barroca, mandatária concelhia, que afirmou que esta candidatura do Bloco já é histórica pelo nível de adesão que está a ter.