No comício realizado esta 6ª feira na cidade de Leiria, intervieram ainda José Peixoto, primeiro candidato do Bloco à Câmara de Leiria, Moisés Espírito Santo, mandatário, e Francisco Louçã.
O comício-festa começou com a actuação dos Gaiteiros de Lisboa, que tocaram pela primeira vez em Leiria.
José Peixoto, a quem coube a primeira intervenção, denunciou a situação do rio - "uma vergonha e um atentado à saúde pública", apresentando fotos de Rui Crespo da Comissão de Defesa da Ribeira dos Milagres. A propósito, e parafraseando um provérbio popular, Peixoto afirmou "Nem tudo o que Liz é ouro. É isso que queremos mudar."
Moisés Espírito Santo, mandatário, disse que a situação do trabalho em Portugal "faz-nos lembrar o século XIX e as praças de jorna", lamentou que a justiça só seja eficaz com os pobres, lembrando "a justiça medieval" e considerou que o Bloco de Esquerda, "que não está comprometido com o passado" representa uma oportunidade única.
Heitor de Sousa falou dos contrastes no distrito de Leiria, entre empresas do sector de moldes que resistem à crise, inovam tecnologicamente, respeitando os direitos dos trabalhadores e o desemprego e o trabalho precário. Denunciou o caso do presidente PSD da Câmara das Caldas da Rainha que ajudou o grupo Espírito Santo, que só no primeiro semestre de 2009 teve 250 milhões de euros de lucro, dando 700.000 euros para abrir na Tornada um call-center com trabalhadores em situação de precariedade.
Heitor de Sousa defendeu que as suiniculturas deverão ter certificação ambiental e perguntou: "onde param os 44 milhões de euros que a Resiliz recebeu da União Europeia para corrigir a poluição das suiniculturas?"
O cabeça de lista do Bloco pelo distrito de Leiria denunciou que Manuela Ferreira Leite aprovou no governo um acordo com Espanha que previa 4 linhas do TGV, "o que é errado como o Bloco denunciou". Defendeu a modernização da linha ferroviária do Oeste, em que "os comboios andam a 30 km/hora como no século XIX", e em que, segundo ele, a linha deve ser duplicada, electrificada e tratada como "alternativa à auto-estrada do Oeste", como serviço público de transportes de pessoas e mercadorias.
Heitor de Sousa falou ainda da "asfixia democrática" no distrito, dominado pelo PSD e onde não existem debates políticos nesta campanha eleitoral, e disse que o Bloco de Esquerda, depois de ter proposto debates políticos a todos os órgãos de comunicação social, que não os aceitaram, irá propor oficialmente a todos os partidos a realização de um debate em Leiria.
Por fim, Francisco Louçã falou das diferenças entre o Bloco de Esquerda e PSD e PS.
Em relação a Manuela Ferreira Leite disse que ela se transformou numa "embaixadora de Alberto João Jardim no continente", denunciando a contradição entre se falar de política de verdade e se apoiar o orçamento da Madeira.
Em relação ao PS, Francisco Louçã, respondendo ao ministro Mário Lino, voltou a denunciar o gasto de mais 689 milhões de euros por parte do Estado nas auto-estradas, na diferença entre o preço com que a empresa construtora ganhou o concurso e o custo final da obra: "Desvio no Douro Interior 6%, desvio em Trás-os Montes 15%, desvio no Baixo Alentejo 21%, desvio no Litoral Oeste 50%, desvio no Algarve 83% e desvio no Baixo Tejo 168%". "Estes deslizes são todos ilegais", salientou Francisco Louçã.
O coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda questionou sobre o que mudará se Sócrates ganhar com maioria absoluta: "No subsídio de desemprego, nada. Na educação não muda nada, Maria de Lurdes Rodrigues continuará o trabalho de devastação da escola pública."
Pelo contrário, "o Bloco levantar-se-á em nome dos professores, da reforma aos 40 anos, contra o Código de Trabalho", disse Louçã, que salientou que uma vitória do Bloco significa uma esquerda mais forte, o reforço da luta por justiça na economia.