Padre católico é mandatário da candidatura de Viseu

3 de Agosto 2009
Francisco Louçã, Padre Costa Pinto, António Minhoto. Foto de Paulete MatosO padre Costa Pinto, que ficou famoso por defender o "sim" no referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, é o mandatário da candidatura às legislativas do Bloco de Esquerda em Viseu. O cabeça-de-lista é o independente António Minhoto, ex-trabalhador da Empresa Nacional de Urânio e activista das causas ambientais e da defesa dos trabalhadores e população expostos à radioactividade.


Referindo-se às palavras de Francisco Louçã, que falara antes dele sobre as desigualdades que levam banqueiros a ter indemnizações de 10 milhões de euros aos 46 anos, enquanto os trabalhadores aposentam-se aos 65 e recebem pensões de miséria, o padre Costa Pinto disse que fizera, pouco antes, um sermão "numa terreola perdida" em que usara palavras semelhantes, "porque são as palavras do Evangelho".

Afirmando não ser partidário, o padre Costa Pinto disse aderir à doutrina que condiz com o Evangelho, e por isso aceitou ser mandatário da lista encabeçada por António Minhoto. "Concordo globalmente com a doutrina do Bloco de Esquerda, e nalguns pontos concordo entusiasticamente", definiu. "Francisco Louçã é um homem que chama as coisas pelos seus nomes e é assim que nos entendemos. Porque falar por alegorias é uma forma apenas de estender um manto para esconder as realidades", prosseguiu.

Definindo-se como um homem do Evangelho e da Igreja, o padre citou o Concílio do Vaticano II, que diz que "a decisão de consciência é a que interessa", e também que "em matéria de assuntos religiosos não há qualquer autoridade humana que possa impedir um ser humano de se expressar sobre qualquer assunto."

E concluiu explicando que espera que o Bloco eleja um grande grupo de deputados, com essas ideias, que já possam "mexer as águas. E isso é que interessa."

Na sua apresentação, António Minhoto disse que aceitou o convite para liderar a lista do Bloco de Esquerda porque o país vive uma grande crise e "não poderia voltar as costas à população do distrito".

"Candidato-me para defender os mais fracos, os trabalhadores, o povo", prosseguiu. "Sou candidato independente, mas não sou independente das lutas dos trabalhadores da Citroen de Mangualde em lay-off, ou da luta dos trabalhadores da ENU. Não sou independente dos problemas da juventude, dos idosos e dos pequenos comerciantes", disse, prometendo, se for eleito, abrir um gabinete público para falar com a população permanentemente.