No comício de apresentação da
candidatura, intervieram Carlos Macedo, que encabeça a lista para a
Câmara Municipal, Henrique Guerreiro, primeiro candidato à
Assembleia Municipal, e Sandra Cunha, primeira candidata à
Assembleia de Freguesia da Quinta do Conde.
Na sua intervenção, Carlos Macedo criticou o executivo municipal liderado pela CDU por estabelecer como prioridade "tirar partido do movimento de expansão residencial da área metropolitana de Lisboa, utilizando o turismo como argumento para justificar o aumento da oferta residencial, sobretudo de segundas habitações, gerando dessa forma receitas que patrocinem a sua permanência no poder".
O candidato do Bloco destacou na sua crítica o projecto da Mata de Sesimbra, que aponta para a construção de um empreendimento turístico com a construção de mais 17.000 camas, duplicando a população do concelho. "Quem defende uma coisas destas está a assinar uma sentença de morte ao concelho de Sesimbra", declarou o candidato.
Carlos Macedo salientou que há 4 anos, quando encabeçou pela primeira vez a candidatura do Bloco à Câmara de Sesimbra, assumiu a ideia de ver Sesimbra com um outro olhar, defendendo que Sesimbra se mantivesse fiel às suas características rurais e piscatórias, com uma estratégia de desenvolvimento original, enquadrando a especificidade da freguesia da Quinta do Conde, uma freguesia bastante populosa, com enormes carências.
A concluir defendeu que é preciso recuperar e requalificar o concelho, afirmando: "É tempo de mudar de políticas e de políticos.
Henrique Guerreiro apresentou o balanço da intervenção autárquica municipal do Bloco, dizendo que nos últimos 4 anos Sesimbra foi governada pela maior maioria possível: "7 vereadores, 7 pelouros, 7 votos iguais, assim certinho e direitinho durante 4 anos. Todos de acordo com tudo em todos os momentos".
Henrique Guerreiro disse que das 83 propostas apresentadas pela Câmara na Assembleia Municipal, o PCP apoiou a totalidade o PS votou contra 4 e o PSD contra 2. E destacou que a oposição do Bloco de Esquerda foi diferente. O Bloco votou contra 23 propostas apresentadas pela Câmara e apresentou 33 propostas, 30 das quais foram aprovadas.
Sandra Cunha interveio sobre a freguesia da Quinta do Conde, começando por destacar que foi a freguesia que mais cresceu em população a nível nacional, mas com enormes carências e falhas básicas para um mínimo de qualidade de vida. "Na Quinta do Conde falta tudo", disse Sandra Cunha, salientando que o investimento da Câmara na Quinta do Conde é quase nulo e que o único espaço verde lá existente foi uma contrapartida de um espaço comercial. Balanceando a actividade do Bloco na freguesia, Sandra Cunha, que foi eleita para a Assembleia de Freguesia da Quinta do Conde há quatro anos, disse que todas as propostas que lá apresentou foram aprovadas, mas que "o problema é depois a sua aplicação", o que "exige o reforço do Bloco de Esquerda".
Francisco Louçã falou sobre a candidatura ao concelho e sobre uma política decente para o país, exemplificando com dois casos: a Mata de Sesimbra e o prolongamento do contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara.
Questionando a afirmação de José Sócrates, de que o seu governo tinha sido um governo com uma política decente, Francisco Louçã declarou: "uma política decente é uma política responsável e com contas certas".
Sobre o projecto do empreendimento turístico para a Mata de Sesimbra, Francisco Louçã afirmou: "Quando há especulação não há negócios decentes. Uma política decente não é promover o negócio imobiliário como se pretende fazer sobre Sesimbra".
A propósito do terminal de contentores, Louçã salientou que a concessão só termina daqui a 6 anos em 2015: "O governo precipitou-se para renegociar a concessão, que não termina durante este mandato, nem no próximo mas no seguinte, para assegurar a concessão por mais 27 anos, até 2042, a uma empresa cujo presidente é o Dr. Jorge Coelho, ex-ministro do governo socialista".
Francisco Louçã destacou que o Bloco de Esquerda, durante 8 meses, pediu o contrato ao governo, que respondia que o contrato era secreto. Ao fim dos 8 meses e após o governo ter entregue o contrato, o Bloco verificou que algumas das páginas estavam em branco, porque segundo o governo eram "muito secretas".
Segundo Francisco Louçã, após conhecido o contrato verificou-se que nele é previsto que a empresa terá garantido o lucro de 33% ao ano, antes de pagar impostos. "Em três anos a empresa consegue pagar o total de investimento até 2042", salientou.
O coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda denunciou ainda que no contrato há ainda outra cláusula que prevê que a empresa seja indemnizada se o trabalho da empresa for perturbado pela meteorologia. "Se chover, ou se fizer sol, então o Estado indemniza a empresa. É uma cláusula do S. Pedro", disse.
Francisco Louçã sublinhou ainda: "O contrato com esta empresa é um exemplo magnífico de como não se pode governar, de como não se faz um contrato, porque este contrato não é um contrato decente. Política decente é usar bem o pouco que temos em benefício de todos, não é dar a alguns o que é de todos".