Miguel Portas explicou que o Bloco de Esquerda vê com bons olhos a reforma que deu origem aos agrupamentos, pela racionalização de recursos que significa, mas insistiu que há uma contradição entre esta racionalização e no topo se fazerem nomeações por critérios exclusivamente políticos. "A partidarização é evidente", disse o candidato bloquista.
Acompanhando Miguel Portas, o deputado e médico João Semedo explicou que os três Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) tiveram nomeados directores-executivos do PS, sendo que um é vereador em Carregal do Sal e outro candidato do PS à Câmara de S. Pedro do Sul.
"É o critério de Elisa Ferreira, que disse recentemente que o Estado é o PS", ironizou Miguel Portas.
O eurodeputado aproveitou para saudar a greve dos enfermeiros, a terceira do ano, e elogiou as condições do Centro de Saúde de Vouzela, que acabara de visitar, onde todos os utentes têm médico de família, destacando o trabalho dos seus profissionais. "No interior do país, há um equilíbrio muito maior entre a oferta e a procura na área da saúde do que nos grandes centros urbanos", observou Miguel Portas.
Respondendo a uma pergunta sobre a gripe-A, Miguel Portas lamentou que a investigação científica na Europa na área da saúde se tenha transformado num negócio. "É preciso inverter. A investigação deve servir as necessidades humanas e não os lucros das multinacionais", defendeu.
"Vale a pena explicar este paradoxo enorme", sublinhou o eurodeputado bloquista, questionando "como é que foi tão rápida a resposta, através da coordenação entre a Comissão Europeia e a segunda e a quarta multinacional do Mundo, para acelerar os processos de investigação para a vacina da Gripe A".
Miguel Portas lembrou que "ainda hoje pandemias como a malária ou o dengue não têm as soluções e, no entanto, matam muitíssimo mais". "São é pandemias do Sul do planeta e não pandemias do Norte do planeta, onde o poder de compra e o negócio são de facto as determinantes dos cuidados de saúde", lamentou.