Razão de ser de uma plataforma
Por um Bloco mais Interventivo e Democrático
A intervenção do BE, no actual contexto nacional e internacional de grande ofensiva neoliberal, reveste-se de uma importância decisiva. Após as maiores manifestações desde o 1.º de Maio de 1974, que juntaram centenas de milhares de pessoas em todo o país, contra a Troika e o Governo de Passos Coelho, que com a destruição total dos direitos e conquistas sociais, só nos traz fome e miséria, é, mais do que nunca, importante um BE forte que dê voz e alternativas ao movimento social.
Somos um grupo de militantes, de diversas gerações, com percursos políticos distintos, uns recém-chegados ao Bloco, outros mais antigos, e já com um longo passado de activismo político e social. Já tivemos, alguns de nós, posições divergentes em muitas situações, mas o Bloco é o nosso espaço de intervenção partidária e não temos dúvidas quanto às grandes linhas de opção estratégica que balizam a sua intervenção política. Une-nos ainda o facto de reivindicarmos a nossa liberdade de pensamento, a defesa das nossas ideias e opções e a tomada de posições de acordo apenas com a nossa consciência a avaliação crítica.
Partilhamos da análise de ambas as moções quanto aos desafios que se colocam ao BE no quadro político nacional e internacional; no entanto, temos posicionamentos diferentes no que se refere ao balanço da intervenção política desde a última Convenção, bem como às propostas para os próximos tempos que serão escrutinadas na VIII Convenção. Neste contexto, entendemos congregarmo-nos numa Plataforma que permite a cada um dos seus subscritores posicionar-se de acordo com a sua consciência e convicções face às propostas presentes na Convenção.
Esta plataforma não se alicerça numa união de descontentamentos em relação a decisões pontuais do BE, mas na convicção de que, para estar à altura dos desafios que defronta e ser coerente com a sua matriz ideológica, o Bloco necessita de alargar a influência social e estar mais presente nas lutas todas. Mais activismo e abertura social, são condições imprescindíveis ao alargamento da nossa influência.
O aprofundamento da democracia interna e uma maior transparência na tomada de decisões, bem como o alargamento de espaços propiciadores da participação de militantes que não se revêem nas diversas correntes fundadoras do BE - que, muitas vezes, negoceiam decisões substituindo-se ao necessário debate interno -, constituem parte integrante da construção de um bloco mais dinâmico e com mais activismo.
Urge combater formas de funcionamento cerceadoras da participação dos militantes na tomada de posições políticas, de que são casos paradigmáticos, o conhecimento prévio pela imprensa de “decisões” da Mesa Nacional antes da discussão das propostas apresentadas, ou a tomada de decisões pela Comissão Política sem qualquer auscultação do órgão máximo entre Convenções, como foi o caso da apresentação da moção de censura ao governo.
Um maior envolvimento dos aderentes passa, também, pela recusa do aparelhismo, como panaceia para a redução do ativismo, por forma a que os aderentes se sintam construtores das decisões e participem mais na vida do Bloco..
Alargar os espaços potenciadores da colaboração de independentes com o BE é outra condição indispensável ao enriquecimento da nossa capacidade de propositura em várias áreas e ao crescimento da nossa influência social.
Sendo a Convenção, o órgão máximo do BE, é por demais importante que a participação de todos os aderentes se faça de forma esclarecida, informada e acima de tudo livre e independente.
A garantia da participação de todos neste processo, não se pode resumir à apresentação de Moções e respectivos debates. Mais que uma democracia formal é necessário que todos os aderentes possam estar devidamente elucidados sobre todas as opções ao seu dispor para que tomem a sua posição de forma absolutamente livre e consciente e não arregimentada. Daí considerarmos que era fundamental e lógico que o prazo para apresentação de listas de delegados, fosse posterior aos debates das moções apresentadas.
Queremos contribuir para um processo mais claro e democrático.
Se formos eleitos como delegados à Convenção, assumimos o compromisso de tomarmos posições apenas em função das nossas convicções. Alguns de nós já se manifestaram face às duas moções apresentadas, outros têm uma postura independente: une-nos, no entanto, o entendimento de que as nossas posições na Convenção devem ser assumidas sem qualquer constrangimento determinado por uma fidelização absoluta e cega a todas as propostas das moções em presença. Liberdade, essa, que assumimos desde já.