domingo, 02 setembro 2007 16:00

Mudanças económicas na China e suas repercussões: "O Político não tem acompanhado o económico"

Prof. Mário Murteira, debate sobre a China - Foto de André Beja Neste seminário interveio o Professor Mário Murteira que apresentou a sua forma de ver as transformações que a República Popular da China (RPC) vem atravessando, em especial depois do fim da Revolução cultural, em 1976, pouco depois da morte de Mao Ze Dong.
No essencial focou que se está perante o abandono de um sistema muito auto centrado, histórico na China, e acentuado mesmo durante os primeiros anos da era de Mao, perfeitamente simbolizada na Grande Muralha, para transitar, quase pacificamente, para uma abertura, primeiro tímida e restrita ao investimento estrangeiro, agora em vias de ser muito extensa, que vai até a adopção de muitos dos instrumentos construtores do capitalismo na versão neoliberal.

Nos últimos anos, depois de terem sido realizadas experiências localizadas, nomeadamente em Shangai e nas zonas económicas especiais ( ZEEs ), situadas no delta do rio das pérolas e no sul, como Zhenzen (junto a Hong Kong), Zhuai (junto a Macau) e a ilha de Hainan no extremo meridional. As ZEEs aplicaram primeiro do que as outras áreas da RPC um regime muito mais "aberto", verificando-se grande êxito na atracção de investimento estrangeiro (IDE ) relativamente ao que se passava no resto do país. Nos primeiros anos o acesso fazia-se no regime de "joint ventures,"e destinava-se primordialmente, a reexportações. Actualmente, embora ainda seleccionado quanto às áreas de acesso, a entrada do IDE é quase livre, com aparentes consequências para todos. Assim, a RPC vem utilizando muitos dos instrumentos do capitalismo, versão neoliberal. A RPC ganha capital, habilmente gerido, aliás, "know how", as empresas estrangeiras ganham maiores mercados, o da RPC e os de reexportação, beneficiando de custos sociais irrisórios., com relativos poucos benefícios para os trabalhadores chineses, em especial os que vêm para as cidades, quase sem qualquer esquema de protecção social, abandonados à sua sorte, á mercê dos recrutadores que proliferam à vista de todos.

Acentue-se que, ao contrário do que se passava há poucos anos, o Governo da RPC vem reconhecendo publicamente os principais problemas sociais do país, o que, aliás, é um progresso na China, referindo, em especial, as assimetrias regionais, em prejuízo do interior, entre parte da população urbana e a população rural e acompanhando as migrações internas dos campos para as cidades, criando os maiores problemas de emprego.

Segundo o professor Mário Murteira, o Governo central tenta melhorar por alguns meios a situação, criando sistemas sociais públicos que substituirão os mais restritos subsistemas que funcionavam junto das grandes instituições públicas, agora privatizadas, e noutras instituições de certa dimensão, subsistemas destruídos face às novas hegemonias ideológicas reinantes, sendo que o sistema em criação é publico, do Governo Central, dos governos de certas cidades e autarquias regionais.

Contudo, segundo Mário Murteira, estas mudanças não se repercutem com grande impacte ao nível de uma transformação democrática do Estado, o que lhe não parece objectivo premente para os estratos dirigentes, subsistindo, contudo, várias áreas de conflitos potencialmente graves e ignorando qual a resposta que será encontrada.

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