Nos últimos anos, depois de terem sido realizadas experiências localizadas, nomeadamente em Shangai e nas zonas económicas especiais ( ZEEs ), situadas no delta do rio das pérolas e no sul, como Zhenzen (junto a Hong Kong), Zhuai (junto a Macau) e a ilha de Hainan no extremo meridional. As ZEEs aplicaram primeiro do que as outras áreas da RPC um regime muito mais "aberto", verificando-se grande êxito na atracção de investimento estrangeiro (IDE ) relativamente ao que se passava no resto do país. Nos primeiros anos o acesso fazia-se no regime de "joint ventures,"e destinava-se primordialmente, a reexportações. Actualmente, embora ainda seleccionado quanto às áreas de acesso, a entrada do IDE é quase livre, com aparentes consequências para todos. Assim, a RPC vem utilizando muitos dos instrumentos do capitalismo, versão neoliberal. A RPC ganha capital, habilmente gerido, aliás, "know how", as empresas estrangeiras ganham maiores mercados, o da RPC e os de reexportação, beneficiando de custos sociais irrisórios., com relativos poucos benefícios para os trabalhadores chineses, em especial os que vêm para as cidades, quase sem qualquer esquema de protecção social, abandonados à sua sorte, á mercê dos recrutadores que proliferam à vista de todos.
Acentue-se que, ao contrário do que se passava há poucos anos, o Governo da RPC vem reconhecendo publicamente os principais problemas sociais do país, o que, aliás, é um progresso na China, referindo, em especial, as assimetrias regionais, em prejuízo do interior, entre parte da população urbana e a população rural e acompanhando as migrações internas dos campos para as cidades, criando os maiores problemas de emprego.
Segundo o professor Mário Murteira, o Governo central tenta melhorar por alguns meios a situação, criando sistemas sociais públicos que substituirão os mais restritos subsistemas que funcionavam junto das grandes instituições públicas, agora privatizadas, e noutras instituições de certa dimensão, subsistemas destruídos face às novas hegemonias ideológicas reinantes, sendo que o sistema em criação é publico, do Governo Central, dos governos de certas cidades e autarquias regionais.
Contudo, segundo Mário Murteira, estas mudanças não se repercutem com grande impacte ao nível de uma transformação democrática do Estado, o que lhe não parece objectivo premente para os estratos dirigentes, subsistindo, contudo, várias áreas de conflitos potencialmente graves e ignorando qual a resposta que será encontrada.