segunda-feira, 20 agosto 2007 17:19

Opinião: O acordo PS/BE na Câmara de Lisboa

rborgesA assinatura do acordo entre o Bloco e o PS para governar a Câmara de Lisboa foi uma desagradável surpresa para uma grande parte dos militantes do Bloco que sente que o acordo contraria as orientações definidas nas recentes discussões sobre a construção do movimento. Fosse na discussão sobre o Rumo Estratégico ou na V Convenção foi reafirmado o empenho do Bloco no confronto com o governo Sócrates como parte do combate ao neoliberalismo.

Por Rui Borges 


Para quem participou nas discussões ficou claro que o Bloco dirige-se sem excepção a todas e a todos os que na esquerda social ou política rejeitam as estratégias do governo e estão disponíveis para o esforço prioritário de procurar definir e apresentar soluções para a crise nacional e para o impasse europeu. Em particular, dirige-se aos que no PS ou nos movimentos sociais, com ou sem partido, rejeitam e rompem com as orientações do governo nas grandes questões da política, como a privatização do SNS, da água, da energia, a desagregação da Função Pública ou o favorecimento da contratação individual e da precariedade, que conduzem ao desemprego.

Não consta que António Costa tenha rompido com a estratégia do governo. Nem de Marcos Perestrelo ou Manuel Salgado ou Ana Sara Brito se conhecem sinais de dissidência. Aliás António Costa não saiu do governo por divergências com Sócrates, mas sim porque Sócrates precisava de legitimar a sua política com uma vitória na Câmara de Lisboa. Ao integrar o executivo camarário o Bloco corre o risco de contribuir para essa legitimação. E isto é contraditório com o programa de um partido que quer refundar a esquerda e construir a oposição popular ao liberalismo.

É que o neoliberalismo também tem a sua versão local. Mesmo ignorando o facto de o município de Lisboa ter uma importância que em muito ultrapassa o nível local, a política da subcontratação, do trabalho precário e dos cortes orçamentais faz parte do quotidiano da Câmara e não consta que Costa a vá abandonar nos tempos mais próximos.

O acordo é ainda mais incompreensível se à discussão juntarmos os resultados eleitorais mais recentes. A tal ruptura dos eleitores do PS com a agressividade neoliberal tem-se expressado nas votações de Manuel Alegre e Helena Roseta. É estranho que agora Helena Roseta fique na oposição e seja o BE que se presta a integrar um executivo minoritário com algumas figuras de proa do PS. O efeito prático é criar aos olhos de todos um afastamento entre o Bloco e os dissidentes do PS em favor de uma aproximação ao núcleo duro da política neoliberal.

O que agora acontece é uma inversão da perspectiva que tem guiado o Bloco desde a sua fundação. Uma mudança de tal envergadura não pode ser apresentada como um facto consumado, a palavra tem que ser dada a todos os militantes para discutir em profundidade e avaliar as consequências desta mudança de estratégia.

Partilhar


Manifesto eleitoral

manifestoeleitoral2025

Notícias

esquerdanetlogo

Grupo Parlamentar

Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda

Adere

adere

Banner site e header email convencao v1 Banner bloco.org 1

BANNER CONFERENCIA 2022

resolucoes

 

videos bloco

 

tempos antena

Pão e Cravos

Pao Cravos WebA Instagram