Ao propor a venda directa da EPMES à Gisparques (sem qualquer concurso), o Município de Sintra prepara-se para concretizar a agenda oculta que presidiu à criação desta e de outras Empresas Municipais: a privatização de serviços públicos, transformando-os em fonte de lucro para interesses privados que estão longe do escrutínio democrático dos cidadãos e cidadãs.
A privatização da EPMES surge como a solução milagrosa para uma empresa cuja existência e funcionamento são polémicos desde a sua fundação, no tempo de Edite Estrela.
Durante os últimos 6 anos, o Executivo Sintrense nada fez para reverter a situação catastrófica que conduziu à falência técnica da Empresa. Quase sem funcionários nem actividade, esta entidade não contribuiu para a qualidade de vida das populações nem para o ordenamento do trânsito e do estacionamento do município, servindo apenas para garantir lugares de administração a representantes da coligação Mais Sintra e do PCP.
Recorde-se que o encerramento da EPMES foi bandeira eleitoral de vários partidos em 2001 e 2005, No entanto, só o Bloco de Esquerda manteve tal exigência, reclamando a remunicipalização dos serviços, a integração dos (pouquíssimos) trabalhadores e um inquérito rigoroso às actividades da empresa. No último mandato a Assembleia Municipal aprovou uma comissão de inquérito que foi boicota pela maioria. Durante este mandato, quando questionado sobre o rumo a dar à empresa, a CMS manteve-se sempre em silêncio.
O Bloco de Esquerda e Sintra considera que a privatização de parte da EPMES não serve os interesses da população de Sintra. Além de estreitar a democracia, submetendo-a à visão negocista e do lucro, este processo é também um rude golpe para os partidos que, na Assembleia da República, votaram a favor da existência das Empresas Municipais, com o argumento de que trariam "transparência", "simplificação", "redução de custos", "reforço do governo local".
Sintra, 24 de Maio de 2007
A Coordenadora Concelhia de Sintra do BE