De acordo com as declarações da administração do Centro Cultural, na origem dessa decisão está o elevado custo de cada edição da Festa da Música, dificilmente suportável pelo CCB depois do Ministério da Cultura lhe ter diminuído em 600 000 euros a contribuição estatal para 2007.

Nas seis edições da Festa da Música, passaram pelo CCB largas dezenas de milhar de espectadores, num notável sucesso de alargamento e captação de novos públicos pouco habituados a frequentar os demais concertos da temporada de música clássica ou erudita. A mediatização internacional da Festa da Música desempenhou, também, um importante papel na introdução de Portugal na rota de alguns dos principais espectáculos internacionais, fazendo com que muitos intérpretes internacionais passassem a incluir Portugal no seu roteiro de concertos.

Sucede que, pelo que se depreende das declarações da ministra da Cultura e da administração do Centro Cultural de Belém, a única motivação para acabar com a Festa da Música não tem nada a ver com o esgotamento do seu modelo ou a existência de uma alternativa que garantisse maior eficácia na captação de públicos, divulgação e promoção cultural. Pelo contrário, o que foi até agora anunciado permite perceber que os Dias da Música não passam de uma versão mais pequena e pobre da Festa da Música. O modelo é o mesmo, o formato é o idêntico, só o orçamento e a ambição de captar novos públicos é que é posta em causa.