No dia 4 de novembro, os dois copresidentes do Partido Democrático dos Povos (HDP), Selahattin Demirtas e Figen Yüksekda, e oito outros deputados deste partido foram presos pelo regime do presidente Erdogan.
O HDP é a terceira força política da Turquia, com 59 dos 505 membros do parlamento e forte presença sindical, autárquica e nos movimentos sociais. É um partido que defende o socialismo e a democracia, um partido pró-curdo e caracterizado pela amplitude de causas que defende, desde o feminismo, aos direitos LGBT, ao ambiente e à democratização da sociedade. Procuram representar os interesses das minorias étnicas e os direitos das regiões, a liberdade de crença e de consciência.
O levantamento da imunidade parlamentar a 55 dos deputados do HDP e a recente prisão dos copresidentes e de mais 8 deputados, somada a cerca de 200 presidentes de câmara e vereadores, constituem um passo decisivo nos planos de Erdogan para ilegalizar e destruir a oposição democrática.
A repressão da oposição e, em particular, do setor pró-curdo intensificou-se gravemente nos últimos meses, mas é uma marca da presidência de Erdogan. Ainda em abril, numa reunião com o Bloco de Esquerda, dirigentes do HDP deram conta de mais de 10 mil ativistas políticos e sindicais com processos judiciais, muitos deles já detidos, entre os quais já se encontravam membros da direção do HDP.
Entretanto, a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho de 2016, condenada pelo próprio HDP e por outras forças da oposição democrática, foi aproveitada pelo regime de Erdogan para intensificar a repressão. O que se seguiu foi um verdadeiro golpe de Estado conduzido pelo próprio Governo turco, com poderes de excepção, repressão policial e militar, purgas na administração pública e encerramento de jornais. Neste momento, há deputados, juízes, autarcas, jornalistas, académicos, milhares de funcionários públicos e ativistas sindicais presos.
O Bloco de Esquerda condena os ataques do Governo Turco ao Estado de Direito, aos Direitos Humanos e às liberdades democráticas.