domingo, 23 agosto 2009 14:07
“Cavaco e Sócrates estão de acordo no essencial”

Na manhã de Sábado, Francisco Louçã participou numa arruada em Loulé. No mercado da cidade, muitos populares receberam com entusiasmo a propaganda do Bloco, depositando a sua esperança numa força que cresce e que se afirma como alternativa ao bloco central de interesses.
À noite, no calçadão da Quarteira, repleto de gentes locais e de veraneantes, além de Jorge Costa intervieram também no comício Orlando Carvalho, candidato à Junta de Freguesia da Quarteira, Joaquim Mealha, candidato à Câmara Municipal de Loulé, Cecília Honório e Francisco Louçã.
A "guerra de verão" entre o Presidente da República e o governo, sobre "a forma de como se andam ou não a espiar", foi alvo da crítica de Jorge Costa. "Bem que podem entreter-nos com jogos e críticas de palácio, mas nós sabemos que não há segredos, Cavaco e Sócrates estão de acordo no essencial", frisou o candidato e dirigente do Bloco. E o essencial é "nada fazerem para mudar as políticas que levaram ao aumento do desemprego, a mais 100 mil desempregados em apenas 12 meses", precisou Jorge Costa.
ACT: da falta de meios à falta de vergonha
Os 30 juristas da Autoridade para as Condições do Trabalho que estão a recibos verdes desde 2003, mereceram a solidariedade do dirigente do Bloco. "O seu trabalho é combater os crimes de patrões sem escrúpulos, mas só recebem 700 euros, não têm direito ao subsídio de férias, ao subsídio de alimentação e ao subsídio de Natal." É de facto irónico que esta situação suceda no órgão do Estado que tem por missão fiscalizar os atropelos aos direitos dos trabalhadores. Por isso, Jorge Costa conclui: "Já sabíamos que a Inspecção Geral do Trabalho tinha falta de meios. Mas sabemos agora que à falta de meios soma-se a falta de vergonha!"
O Bloco propõe o fim dos "contratos a prazo por mais de um ano" e do "estatuto de impunidade das Empresas de Trabalho Temporário que vivem da dupla exploração dos trabalhadores", avançou Jorge Costa, afirmando o Bloco de Esquerda como a alternativa "aos que já estiveram no poder nos últimos 18 anos", alternativa que "chama os bois pelos nomes".
Mais do mesmo não, o Bloco é opção
A abrir o comício, intervieram os candidatos autárquicos locais. Orlando Carvalho, candidato à Junta da Quarteira, pronunciou-se contra um modelo de desenvolvimento que abusa do betão e pelo envolvimento da população nas decisões. Joaquim Mealha, candidato à Câmara de Loulé (da qual Quarteira faz parte) precisou que envolver a população implica adjudicar 10% do orçamento total à participação e decisão das pessoas.
Joaquim Mealha referiu-se ainda a Loulé como um "concelho de contrastes", apontando as diferenças entre "litoral e interior" e entre "aldeamentos de requinte e bairros sociais". O candidato do Bloco afirmou a necessidade de promover políticas sociais, de habitação e emprego, e finalizou com o lema da candidatura local do Bloco: "Mais do mesmo não, o Bloco é opção".
Cecília Honório, cabeça de lista do Bloco pelo Algarve, denunciou os "centros históricos desvitalizados" nas cidades desta região e o "desordenamento gigantesco do território" promovido pela especulação imobiliária. Criticando o governo por fugir às responsabilidades da crise social e económica, Honório sublinhou que o principal problema do Algarve e do país é o desemprego. É preciso "promover a requalificação urbana" criando assim mais emprego, e "investir no emprego social", concluiu a candidata.
Prestar contas para uma democracia exigente
A finalizar, Francisco Louçã referiu-se às razões que levaram o Bloco a avançar para estes comícios de rua. "Tivemos dúvidas em realizar estes encontros, porque sabíamos que as pessoas estão de férias, a descansar, e que iríamos falar de problemas difíceis" revelou Louçã, esclarecendo de seguida: "mas a democracia que defendemos é exigente, é a coragem da responsabilidade, e aqui estamos à distância de um cumprimento para conversar com todos e para prestar contas".
O dirigente do Bloco lembrou que no último inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE), 682 mil pessoas responderam que estavam desempregadas. "São números assustadores", notou Louçã, que ainda denunciou a desigualdade de tratamento e de rendimentos que existe no país: "Não são os pobres, os reformados ou os professores que enfraquecem a economia, o país não tem falta de dinheiro, o que nos destrói é a desigualdade e a irresponsabilidade dos poderosos", concluiu Louçã.