Em Frente à "Casa Inglesa", no
centro de Portimão, mais de duzentas pessoas assistiram ao comício
do Bloco de Esquerda, confirmando a simpática receptividade que tem
pautado estes encontros que tiveram início no mês de Julho.
Depois
de defender os que "só podem viver do seu trabalho" e de
criticar os privilégios dos que "vivem do trabalho dos outros",
Cecília Honório lembrou que na região do Algarve a subida do
desemprego foi a maior de todo o país, atingindo o dobro de há um
ano: "17.500 pessoas sem trabalho". "E a verdade é que o
absolutismo da maioria PS não permitiu que muitas destas pessoas
fossem apoiadas, ao chumbar as propostas do Bloco" frisou Cecília
Honório.
A candidata do Bloco acrescentou que foi esta mesma
maioria absoluta que impediu também a existência de um modelo
justo de avaliação dos professores. "Sem serviços públicos de
qualidade não há democracia e escavamos o atraso. O que o PS fez na
Educação é o contrário do que o Bloco defende com unhas e dentes:
uma escola pública inclusiva e de qualidade", precisou a
candidata.
Se o PS de Sócrates já mostrou que não é
alternativa para resolver os problemas das pessoas, também "Manuela
Ferreira Leite não é alternativa porque já esteve no poder e foi
péssima ministra" e agora "até tem um programa que não
existe", esclareceu Cecília Honório, que de seguida concluiu: "o
Bloco é a alternativa para garantir justiça na economia".
Portimão
e o Algarve atacados pelos especuladores e patos bravos
A
abrir o comício, Luísa Gonzalez, candidata do Bloco à Assembleia
Municipal de Portimão, sublinhou a necessidade da "mudança e da
participação cívica" e de "políticos ao serviço das pessoas
e não ao serviço deles próprios". A candidata denunciou também
as "grandes negociatas de Portimão", quase sempre protagonizadas
pelo "triângulo fatal" composto por "políticos, empresários
do futebol e empresários da construção civil".
A
responsabilidade por esta situação é também de "33 anos de
poder autárquico sem interrupções do PS em Portimão, em muitos
casos como se fosse uma ditadura" acrescentou João Vasconcelos que
interveio de seguida. O candidato do Bloco à Câmara Municipal da
cidade denunciou o "clientelismo e o compadrio" promovidos pela
autarquia, exemplificando com a criação de dez empresas municipais
e sociedades anónimas. "É o interesse privado que se sobrepõe ao
bem público", acusou Vasconcelos.
O candidato do Bloco
denunciou também o desordenamento do território em Portimão e
assumiu a necessidade de preservar a Ria de Alvor - um importante
habitat ecológico - contra os interesses da especulação,
referindo-se em particular ao "negócio" de Joe Berardo na Quinta
da Rocha. "São 500 hectares junto à Ria de Alvor que Berardo
comprou por 500 mil euros e seis anos depois, com a alteração na
classificação dos solos, vendeu por 15 milhões de euros".
Estas
intervenções deram o mote para as palavras de Rita Calvário,
candidata do Bloco no distrito de Lisboa e assessora do Partido para
as questões ambientais, que denunciou o "saque e a devastação do
território Algarvio com que os patos bravos da construção
enriquecem à custa das belezas naturais da região".
Rita
Calvário esclareceu que a maior parte destes atentados ambientais
são classificados como "Projectos de Interesse Nacional - PINs",
um expediente legal que permite construir "em cima de praias, de
arribas, de reservas ecológicas e agrícolas, de territórios da
Rede Natura, etc." E precisou que "já há cerca de 100 PINs",
destacando um dos mais recentes, o "Projecto Palmares" que "prevê
centenas de camas entre a Praia e a Ria de Alvor", com "campos de
golfe", que "desperdiçam água, um bem tão precioso".
A
saúde não pode ser um negócio
O último a intervir foi
Francisco Louçã, que voltou a sublinhar o protesto do Bloco de
Esquerda contra a privatização da linha "Saúde 24". "A razão
pela qual este serviço - tão importante para as pessoas - perde um
terço das chamadas telefónicas, é porque foi entregue a uma
empresa privada que só se guia pelos lucros e que precariza os
enfermeiros e profissionais, apostando em poucos trabalhadores, com
pouco dinheiro" acusou Louçã.
Francisco Louçã lembrou
ainda que quando o contrato com a empresa que gere a linha Sáude 24
terminou em Junho, o Bloco "disse à Ministra para que não o
renovasse e para que o serviço fosse gerido pelo Estado" mas ela
"fez o contrário".
"A Saúde não pode ser um negócio,
estamos a ser governados pela irresponsabilidade", denunciou Louçã,
que lembrou também o caso dos juristas da Autoridade para as
Condições de Trabalho que "estão há seis anos a trabalhar no
mesmo local em regime de recibos verdes", isto no organismo que "é
responsável pela correcta aplicação da lei laboral". O que só
mostra que "o Estado é o primeiro a falhar", concluiu Louçã.
quinta-feira, 20 agosto 2009 03:07
“Quem vive do seu trabalho não pode perder mais”
