O coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda disse que não se pode aceitar que o PSD diga que só vai apresentar o seu programa em Setembro, três semanas apenas antes das eleições. “É uma falta de respeito pelas pessoas, e é medo da reacção das pessoas às propostas de Manuela Ferreira Leite.”
A defesa dos ricos – “deixem lá os ricos”, disse a líder do PSD –, fez Louçã recordar como banqueiros, como Ricardo Salgado, dono do BES, têm lucrado apesar da crise, à custa das manobras obscuras com offshores. Foi esse o caso recente das contas de Pinochet, que envolviam dinheiro desviado pelo ditador chileno ao seu país, e que só foi descoberto, recordou Louçã, porque o Senado norte-americano fez uma investigação e descobriu que parte desse dinheiro estava depositado em contas escondidas na agência do BES em Miami. “Mesmo assim, na hora de devolver o dinheiro, onde é que ele estava? Tinha desaparecido nalgum obscuro offshore”, disse o deputado bloquista, “e o governo democrático do Chile teve de entrar em tribunal para tentar recuperá-lo.”
Francisco Louçã lembrou ainda que o BES recebeu de presente, por parte do governo de José Sócrates a gestão do hospital de Loures. “Isto sem ter gasto um cêntimo nele, sem ter investido nada. Mas vai receber uma renda do Estado durante 30 anos para gerir o hospital. São seis governos depois do actual!” A resposta do Bloco é totalmente diferente de Manuela Ferreira Leite, é o imposto sobre as grandes fortunas, é a justiça na economia.
Antes, falara já Pedro Filipe Soares, cabeça-de-lista do Bloco no círculo eleitoral de Aveiro, que recordou que o homem mais rico do país, Américo Amorim, fez em Janeiro despedimentos “preventivos” na sua empresa corticeira, para não perder um cêntimo de lucros, e agora força os trabalhadores a fazer horários de dez horas diárias.