O abismo existente entre os dois
milhões de pobres em Portugal e as facilidades concedidas aos
milionários e à corrupção marcaram os discursos de Francisco
Louçã, que esteve nesta sexta-feira no Porto, em Matosinhos e em
Amarante.
"A corrupção é a pior forma de desigualdade"
sublinhou Louçã, no dia em que o país ficou a conhecer um
relatório oficial que revela a permeabilidade do Estado à
corrupção, com numerosas obras públicas sem orçamentos nem
cadernos de encargo. O negócio dos contentores de Alcântara -
considerado ruinoso para o Estado pelo Tribunal de Contas - mereceu
também duras críticas: "É a parasitagem económica que prejudica
o país", atirou Louçã, numa alusão às palavras de António
Costa - Presidente da CML que apoiou o negócio de Alcântara - e
que acusara o Bloco de ser "parasita".
Louçã insistiu na
urgência de um combate sério à corrupção e à criminalidade
financeira, criticando a nova da lei do enriquecimento injustificado
que permite aos prevaricadores ficarem com 40% do dinheiro que
recusam dizer de onde veio. "60 para o Estado e 40 para os
criminosos. Ficamos quites e não se fala mais no assunto" ironizou
Louçã. "Portugal é o paraíso da criminalidade financeira",
continuou, referindo-se no concreto a Jardim Gonçalves, o
ex-administrador do BCP que "falsificou contas e quando saiu do
banco ainda levou 38 milhões de euros, seis vezes mais do que levou
o patrão da maior empresa do mundo - a General Motors - no
momento em que faliu". "A grande diferença é que nos EUA estão
a exigir a devolução daquele dinheiro". "Não há dúvida que
os magnatas portugueses são os mais competentes na roubalheira",
acrescentou Louçã.
António Mexia (actual administrador da
EDP) também não escapou à crítica. "Foi Ministro do governo
PSD/PP e Sócrates meteu-o como administrador da EDP e agora é
conselheiro para a elaboração do programa do PS destas eleições".
"Mexia atribuiu a si próprio um prémio de 1 milhão de euros, o
mesmo que um trabalhador com um ordenado médio conseguiria poupar em
100 anos, sem gastar um tostão". "É preciso justiça na
economia para acabar com a violência da pobreza" concluiu
Louçã.
Antes de Louçã, João Semedo - candidato do Bloco
pelo círculo eleitoral do Porto - lembrou "o tempo perdido no
combate ao gangsterismo financeiro com que os tubarões roubam o
erário público" e a aprovação de "um código do trabalho que
é um recuo de décadas e precariza a vida dos trabalhadores".
Semedo destacou ainda algumas vitórias do Bloco neste quatro anos -
como a despenalização do aborto, a lei do divórcio, e alguns
avanços, ainda que muito tímidos, em relação ao sigilo bancário
- e concluiu com esta ideia: "É preciso um Estado social forte,
financiado por todos e ao serviço de todos".
Apresentados
candidatos em Amarante e Matosinhos
O primeiro discurso do
comício que juntou algumas centenas de pessoas no centro histórico
de Amarante coube a Hugo Silva. O candidato do Bloco à Câmara
Municipal denunciou a construção da barragem do Fridão, com uma
parede de 100 metros de altura situada a apenas 7 km da cidade. Hugo
Silva sublinhou que PS e PSD - depois de terem aprovado uma moção
pela retirada da barragem do Fridão do Plano Nacional de Barragens
- mostram-se agora coniventes com a sua construção. "Esta
barragem é uma ameaça ao ambiente e à segurança da população de
Amarante, além de descaracterizar totalmente as margens do Tâmega",
acrescentou Hugo Silva. Retirar a maioria absoluta ao PS que "governa
a cidade há 20 anos com arrogância", dar prioridade aos
transportes públicos a baixos custos e revitalizar o centro urbano,
foram outras ideias fortes lançadas pelo candidato do Bloco. O
cabeça de lista à Assembleia Municipal de Amarante é o médico
António Simões, actual deputado municipal.
Em Matosinhos
foram também apresentados os candidatos do Bloco. No jantar de
apresentação, Fernando Queiroz, que encabeça a lista para a
Câmara, elegeu como prioridade o combate ao desemprego que naquele
concelho já afecta mais de 20 mil pessoas. Ferreira dos Santos é o
primeiro candidato à Assembleia Municipal e o arquitecto Abreu
Pessegueiro é o mandatário da campanha.
Arruada no Porto
À
tarde, Francisco Louçã e João Teixeira Lopes participaram numa
arruada no Porto, percorrendo a Rua de Santa Catarina, ao som dos
"Pantomina". João Teixeira Lopes - candidato à Câmara
Municipal da Invicta - congratulou-se com as recentes declarações
de Rui Rio, que defendeu a possibilidade de fazer coligações com
todos os partidos menos com o Bloco de Esquerda. "Diz Rui Rio que
com o Bloco não, porque é contra-natura. Pois é! Jamais
pactuaremos com Rio, somos os únicos que não desistimos e que
defendemos as pessoas e o Porto", frisou Teixeira Lopes.
Teixeira
Lopes voltou a criticar a sintonia entre Elisa Ferreira e Rui Rio em
relação aos principais projectos privatizadores da cidade, como é
o caso do Pavilhão Rosa Mota.
sábado, 18 julho 2009 04:05
“É preciso justiça na economia para acabar com a violência da pobreza”, avisa Louçã
Num comício de rua realizado em
Amarante - que tem Hugo Silva como candidato do Bloco à Câmara -
Francisco Louçã acusou o governo de se resignar com os dois milhões
de pobres que existem no país, e que incluem 300 mil crianças. Para
acabar com a violência da pobreza, Louçã exigiu justiça na
economia e o fim da submissão aos grandes interesses económicos. Em
Matosinhos, o Bloco apresentou Fernando Queiroz e Ferreira dos Santos
como cabeças de lista aos órgãos daquela autarquia, já depois de
uma animada arruada na cidade do Porto. Vê as fotos de Amarante , Matosinhos e Porto .