Comunicado da Moção R sobre a Reunião da Comissão Política de dia 21 de Dezembro.
1- Tivemos conhecimento, através da imprensa, que se realizou no dia 21 de Dezembro uma reunião da Comissão Política do Bloco de Esquerda. Vimos por este meio comunicar o nosso protesto veemente pelo facto dos/as representantes da moção R na Comissão Política não terem sido convocados/as para esta reunião através de nenhum dos meios de comunicação ao dispor dos responsáveis pela sua marcação.
Ao longo deste mandato na Comissão Política enquanto representantes de uma moção minoritária, estamos já habituados/as a que as nossas opiniões não sejam consideradas e a que as nossas sugestões e propostas construtivas sejam encaradas de forma hostil pelos representantes da maioria que dirige o BE. Trata-se de uma forma de conceber o trabalho numa direção política que não partilhamos mas que não fere a democracia formal no interior do partido. Contudo, a não convocatória de membros da CP para uma qualquer reunião, ainda mais para uma reunião importante como esta foi, é a todos os títulos inexplicável. O amadorismo ou o lapso (únicas justificações em que queremos acreditar) não são aceitáveis.
2-
Sobre o comunicado resultante dessa “reunião da Comissão Política”
(apesar de não termos conhecimento do debate que lhe esteve subjacente),
estranhamos que nenhuma das propostas que foram apresentadas como
condições do Bloco para a votação favorável do orçamento rectificativo
dissesse respeito concretamente ao caso do Banif. O Bloco de Esquerda
entrou assim para este debate assumindo que a forma da privatização
encontrada pelo governo PS era um facto consumado.
Sem prejuízo da
justeza destas condições, da urgência de alterar as regras de supervisão
bancária e os procedimentos que têm sido regra nestes casos e de
precaver a solução do caso BES, a formulação do comunicado do Bloco
aceitava (por omissão) que a solução do governo era inevitável.
O Bloco de Esquerda dizia, nesse comunicado, que os sacrifícios para os contribuintes tinham de “acabar agora” mas que, apesar disso, aceitávamos pagar a factura que nos era imposta pela nacionalização dos prejuízos de mais um banco, a privatização dos seus activos rentáveis e o despedimento de trabalhadores/as.
3- Apesar do Bloco ter, em seguida e na ausência de uma resposta do governo ao repto que lhe tinha sido lançado, votado contra o orçamento rectificativo, reiterando a defesa do controlo público da banca e repudiando o poder do BCE e da Comissão Europeia em forçar o Estado português a aplicar medidas orçamentais arbitrárias para salvar bancos, posições com que obviamente concordamos, consideramos que foi um erro importante que este comunicado tenha introduzido uma percepção pública de falta de clareza onde o Bloco tinha primado até agora pela assertividade.
Irina Castro, João Carlos Louçã, Nuno Moniz, Carlos Carujo e Alex Gomes.