Autarcas do Bloco criticam centralismo do Governo

10 de Outubro 2006
reuniaoautarcasReunidos ontem, em Lisboa, para discutir a Lei das Finanças Locais, os autarcas do Bloco de Esquerda criticaram a proposta “centralista” do Governo, considerando que a lei socialista não ataca a “sobreconstrução” responsável pelo “desequilíbrio urbanístico” que afecta o país. Veja aqui uma apresentação gráfica comparando os vários projectos.

José Sá Fernandes, vereador independente na Câmara Municipal de Lisboa, foi bastante crítico do que tem sido uma das principais bandeiras socialistas: o limite à incapacidade de endividamento das autarquias.

“Se defendemos a construção de uma linha de eléctricos rápidos ou um Plano Verde para a cidade de Lisboa, em coerência, temos que defender que as autarquias têm que ter recursos para os aplicar”. O problema, continuou, é que os concelhos têm-se endividado para construir rotundas, túneis e novas construções que não beneficiam os munícipes.

Defendendo a proposta do Bloco, que é a única que estipula tectos para o endividamento das autarquias consoante o destino das verbas, o vereador lisboeta recordou que, ao contrário do que defende o Bloco, o Governo coloca de fora dos limites de endividamento as empresas municipais.

De todos os patamares ao endividamento defendidos pelo Bloco, excluem-se os programas de combate à pobreza, habitação social ou a aquisição de fogos para o arrendamento municipal.

O projecto do Bloco de Esquerda, que será discutido pelo Parlamento no dia 11 em conjunto com a proposta do Governo, defende a penalização dos municípios que mais apostem na construção de novas habitações. Para as autarquias que ultrapassem 125% da média de construção estipulada, o diploma defende a redução em 10% das transferências efectuadas pelo Fundo Geral Municipal.

Alda Macedo, a deputada responsável pelo projecto do Bloco, defendeu que esta é a única forma de “desincentivar o crescimento desregrado de nova construção, responsável pelo desequilíbrio urbanístico do país".

No encerramento da reunião, Francisco Louçã criticou o centralismo da proposta do Governo, lembrando que “há verbas que nunca entram nestas leis, como é o caso do PIDAC, que reflecte as hierarquias das conveniências partidárias no poder”. Como exemplo, o Coordenador da Comissão Política do Bloco, lembrou que, nos últimos anos, Salvaterra de Magos tem sido sempre o concelho que menos receitas recebe, por habitante, do PIDAC.