Resolução de balanço das eleições autárquicas

Mesa Nacional
27 de Outubro 2025

A Mesa Nacional do Bloco discutiu o balanço eleitoral das autárquicas, considerando que o resultado muito negativo obriga a uma reflexão de fundo sobre a reconstrução do espaço político do Bloco e da sua intervenção e interlocução popular e local, muito para lá dos órgãos autárquicos e destas eleições. Lê aqui a resolução aprovada.
 

Mesa Nacional do Bloco de Esquerda​ - 26 outubro 2025

Resolução de balanço das eleições autárquicas

1.​ A campanha autárquica exigiu um grande esforço das estruturas locais que, com poucos recursos, garantiram a participação do Bloco de Esquerda nestas eleições em 85 concelhos e 236 freguesias. A direção do Bloco sublinha e saúda esse esforço militante e da capacidade que o partido teve de envolver milhares de candidatos e candidatas em listas para municípios e freguesias. Foram processos diversos, desiguais, mas todos construíram relações, foram ao debate por programas, tiveram iniciativa, juntaram pessoas para a luta. Os frutos desse esforço não se medem apenas em votos.

 

2.​ Os resultados das eleições autárquicas configuram uma derrota que confirma as dificuldades eleitorais já patentes nos resultados de eleições anteriores, europeias e legislativas. Em muitos distritos e concelhos, o Bloco fica pela primeira vez sem representação autárquica. O resultado é, em geral, muito negativo e obriga a uma reflexão de fundo sobre a reconstrução do espaço político do Bloco e da sua intervenção e interlocução popular e local, muito para lá dos órgãos autárquicos e destas eleições.

 

3.​ O Bloco mantém um lugar na vereação em Lisboa, mas perde quatro - em Almada, no Porto, em Salvaterra de Magos e em Oeiras, onde Carla Castelo teve o apoio do Bloco e de outros partidos. Toda a representação autárquica fica muito reduzida em todo o país. O Bloco perde 62 eleitos nas assembleias municipais, mantendo 20 mandatos, nos seguintes concelhos: (em coligação) Figueira da Foz, Portimão, Lisboa, Oeiras, Loures, Odivelas, Almada, Barreiro, Seixal, Santiago do Cacém (numa lista de cidadãos), Montijo; (em listas próprias) Porto, Coimbra, Torres Novas, Moita, Vila do Porto e Horta.

 

4.​ Onde se verificaram condições para isso, o Bloco contribuiu para a constituição de coligações com partidos progressistas e ecologistas. Essa política foi definida na sequência do balanço das eleições legislativas, em que identificámos a necessidade de convergências à esquerda. Assinalamos hoje a importância desta construção de relações de confiança e de trabalho na eleição de deputados municipais e de freguesia comprometidos com um programa à esquerda, mesmo quando estas convergências não atingiram os seus imediatos objetivos eleitorais.

 

5.​ Das 85 candidaturas em que o Bloco participou, só 25 obtiveram resultados que dão acesso à subvenção estatal de custos com a campanha eleitoral.

 

6.​ No geral, verifica-se ainda, nestas eleições, a confirmação da viragem à direita iniciada nas eleições legislativas de 2024. O PSD tornou-se o primeiro partido em presidências de Câmaras, incluindo as dos três maiores municípios, Lisboa, Sintra e Porto. O Chega fica longe dos níveis de votação das legislativas, conquistando apenas três Câmaras, mas estabelece uma rede de mais de 150 vereadores, o que aumenta gravemente o seu potencial de enraizamento territorial. A CDU perde um terço dos seus eleitos e dos presidentes de Câmaras (incluindo Setúbal e Évora), passando de 19 para 13 câmaras municipais. Quanto ao Livre, que concorreu em apenas 49 concelhos (em metade dos quais integrado em coligações, na sua maioria, com o Bloco) e também não conseguiu eleger qualquer vereador nos 24 concelhos em que apresentou listas próprias.

 

7.​ Perante este resultado, o Bloco deve criar uma estratégia de intervenção local nos municípios onde não foi possível eleger representantes, garantir o apoio a todos os autarcas eleitos e potenciar as relações criadas nas listas eleitorais. São objetivos no próximo período reconstruir diálogos, enraizar a presença nas dinâmicas locais para além do partido e refazer, nas lutas e nas propostas, o protagonismo político desta esquerda socialista e popular.

Ver resolução com anexos com o número de eleitos e variação face a 2021