Mesa Nacional do Bloco de Esquerda - 26 outubro 2025
Resolução de balanço das eleições autárquicas
1. A campanha autárquica exigiu um grande esforço das estruturas locais que, com poucos recursos, garantiram a participação do Bloco de Esquerda nestas eleições em 85 concelhos e 236 freguesias. A direção do Bloco sublinha e saúda esse esforço militante e da capacidade que o partido teve de envolver milhares de candidatos e candidatas em listas para municípios e freguesias. Foram processos diversos, desiguais, mas todos construíram relações, foram ao debate por programas, tiveram iniciativa, juntaram pessoas para a luta. Os frutos desse esforço não se medem apenas em votos.
2. Os resultados das eleições autárquicas configuram uma derrota que confirma as dificuldades eleitorais já patentes nos resultados de eleições anteriores, europeias e legislativas. Em muitos distritos e concelhos, o Bloco fica pela primeira vez sem representação autárquica. O resultado é, em geral, muito negativo e obriga a uma reflexão de fundo sobre a reconstrução do espaço político do Bloco e da sua intervenção e interlocução popular e local, muito para lá dos órgãos autárquicos e destas eleições.
3. O Bloco mantém um lugar na vereação em Lisboa, mas perde quatro - em Almada, no Porto, em Salvaterra de Magos e em Oeiras, onde Carla Castelo teve o apoio do Bloco e de outros partidos. Toda a representação autárquica fica muito reduzida em todo o país. O Bloco perde 62 eleitos nas assembleias municipais, mantendo 20 mandatos, nos seguintes concelhos: (em coligação) Figueira da Foz, Portimão, Lisboa, Oeiras, Loures, Odivelas, Almada, Barreiro, Seixal, Santiago do Cacém (numa lista de cidadãos), Montijo; (em listas próprias) Porto, Coimbra, Torres Novas, Moita, Vila do Porto e Horta.
4. Onde se verificaram condições para isso, o Bloco contribuiu para a constituição de coligações com partidos progressistas e ecologistas. Essa política foi definida na sequência do balanço das eleições legislativas, em que identificámos a necessidade de convergências à esquerda. Assinalamos hoje a importância desta construção de relações de confiança e de trabalho na eleição de deputados municipais e de freguesia comprometidos com um programa à esquerda, mesmo quando estas convergências não atingiram os seus imediatos objetivos eleitorais.
5. Das 85 candidaturas em que o Bloco participou, só 25 obtiveram resultados que dão acesso à subvenção estatal de custos com a campanha eleitoral.
6. No geral, verifica-se ainda, nestas eleições, a confirmação da viragem à direita iniciada nas eleições legislativas de 2024. O PSD tornou-se o primeiro partido em presidências de Câmaras, incluindo as dos três maiores municípios, Lisboa, Sintra e Porto. O Chega fica longe dos níveis de votação das legislativas, conquistando apenas três Câmaras, mas estabelece uma rede de mais de 150 vereadores, o que aumenta gravemente o seu potencial de enraizamento territorial. A CDU perde um terço dos seus eleitos e dos presidentes de Câmaras (incluindo Setúbal e Évora), passando de 19 para 13 câmaras municipais. Quanto ao Livre, que concorreu em apenas 49 concelhos (em metade dos quais integrado em coligações, na sua maioria, com o Bloco) e também não conseguiu eleger qualquer vereador nos 24 concelhos em que apresentou listas próprias.
7. Perante este resultado, o Bloco deve criar uma estratégia de intervenção local nos municípios onde não foi possível eleger representantes, garantir o apoio a todos os autarcas eleitos e potenciar as relações criadas nas listas eleitorais. São objetivos no próximo período reconstruir diálogos, enraizar a presença nas dinâmicas locais para além do partido e refazer, nas lutas e nas propostas, o protagonismo político desta esquerda socialista e popular.
Ver resolução com anexos com o número de eleitos e variação face a 2021