Propostas para defender o emprego de 2000 trabalhadores

fotoazambujaO Bloco de Esquerda afirma que as dificuldades da empresa são da exclusiva responsabilidade da GM, que esta tem compromissos com o Estado português que impedem o fecho da unidade da Azambuja, que o governo tem responsabilidades directas na solução do problema e que é fundamental desenvolver o cluster automóvel em Portugal para evitar esta e outras deslocalizações. Aceda à nota do BE em pdf
Foto de Paulete Matos

Nota do Bloco de Esquerda

A Administração da General Motors (GM), proprietária da Opel, responderá hoje aos trabalhadores da Opel da Azambuja e pode vir a anunciar o fecho da unidade a breve prazo.

O Bloco de Esquerda, que tem seguido com preocupação a ameaça contra o emprego dos cerca de 2000 trabalhadores que têm emprego directo e indirecto na Opel, rejeita categoricamente o fecho da empresa e o despedimento destes trabalhadores.

O Bloco de Esquerda afirma que as dificuldades da empresa são da exclusiva responsabilidade da GM, que esta tem compromissos com o Estado português que impedem o fecho da unidade da Azambuja, que o governo tem responsabilidades directas na solução do problema e que é fundamental desenvolver o cluster automóvel em Portugal para evitar esta e outras deslocalizações.

1.As dificuldades da Opel-Azambuja são responsabilidade da General Motors

A GM afirma que tem um estudo que prova que a produção do Combo é 500 euros mais cara na Azambuja do que noutras unidades europeias. Esse estudo não foi divulgado e há todas as razões para duvidar da sua fiabilidade. A diferença de custo pode ser muito mais reduzida.

Mas acontece que a Opel-Azambuja é a segunda unidade com maior produtividade em toda a empresa. Logo, o custo excessivo deve-se a erros de gestão e a problemas de logística, nomeadamente pelo facto de a empresa não fabricar mas importar as peças que vai montar e, em particular, de não ter prensas próprias.

2.A Opel-GM tem compromissos que não pode abandonar

A Opel recebeu 43 milhões de euros de incentivos para se instalar na Azambuja, mais outras substanciais vantagens e incentivos. Está comprometida a produzir até 2008.

Caso encerre a unidade deve sujeitar-se à devolução de todos os subsídios, incentivos, vantagens fiscais e outros que tenha recebido.

3.O governo tem responsabilidades directas na solução do problema

O Ministro da Economia tem manifestado preocupação e teve hoje uma reunião com a vice-presidente da GM. Mas o Governo não se pode comportar como um simples intermediário. O Governo tem responsabilidade directa perante os trabalhadores, porque assinou o contrato com a Opel e porque é garante dos benefícios que lhe atribuiu.

Na sua Interpelação ao Governo sobre o desemprego, no próximo dia 22 de Junho, o Bloco de Esquerda exigirá respostas e compromissos concretos do Governo acerca da garantia do emprego na Opel da Azambuja.

4.Só se evitam deslocalizações se se criar um cluster automóvel coerente

A GM, que é a maior produtora mundial de automóveis, tem registado prejuízos importantes e já despediu 62 mil trabalhadores a nível mundial desde 2000. Prepara-se agora para mais uma redução do emprego.

Acontece que, entre 2000 e 2005, já houve 58 multinacionais que se retiram de Portugal, provocando milhares de despedimentos. Sempre que as empresas forem apenas parte isolada de uma fileira de produção, a vulnerabilidade é muito grande. É essa vulnerabilidade que é preciso impedir, criando uma lógica produtiva coerente - e essa deve ser a condição para os apoios e subsídios à instalação de multinacionais em Portugal.

Nesse sentido, o Bloco de Esquerda faz as seguintes propostas:

1)Para garantir o emprego na Opel da Azambuja

A Opel na Azambuja tem condições para criar mais emprego.

1ª oportunidade:
Segundo a imprensa económica (Diário Económico, 30/5/06), a GM está a negociar com o grupo Renault a possibilidade de fabricar um novo modelo de carrinha Opel Combo para a Renault e Nissan, além da Opel. O modelo Opel Corsa, produzido na Alemanha ou Espanha, também pode ser produzido na Azambuja, já que tem a mesma plataforma tecnológica do Opel Combo. Foi assim que se iniciou a Autoeuropa, com a Ford e a VW associadas.

2ª oportunidade:
A Opel-Azambuja pode também disputar a produção de carrinhas (Astra Van, Opel Vivaro e Movano) e viaturas comerciais para outros modelos de maior valor acrescentado ou carros de topo de gama da GM (marcas como Saab, Hummer, Isuzu ou Chevrolet).

3ª oportunidade:
A coerência da produção na Azambuja pode ser aumentada com a criação de outras áreas de negócio da General Motors em Portugal, como sejam um Centro de Design, um Centro de experimentação de viaturas e novos produtos, um centro logístico de peças para automóveis para o Sul da Europa, ou uma subsidiária da General Motors Powertrain, que produz componentes não apenas para a indústria automóvel mas também para a o sector naval/marinha e industrial na Áustria.

2) Para desenvolver o cluster de produção automóvel em Portugal

Há actualmente alguns projectos de investimento em desenvolvimento ou em estudo no sector automóvel em Portugal, apesar de existirem simultaneamente ameaças de deslocalização como a da Opel.

Além da Autoeuropa, da Citroen Lusitana de Mangualde e da Mitsubishi Trucks do Tramagal, existe a vontade manifestada pela Toyota (Grupo Salvador Caetano) de produzir mais viaturas comerciais nas instalações da fábrica de Salvador Caetano no concelho de OVAR, o que significa construir milhares de carros no pais ultrapassando a produção actual de Ovar (3.000 por ano). A médio prazo, o plano da Toyota é crescer na Europa, sendo a unidade de Ovar uma candidata a construir estas viaturas, segundo o dirigente da Toyota, Shinichi Sasaki.

Ora, a criação de unidades que dependem totalmente de fileiras de produção muito complexas significa que o sector automóvel em Portugal fica sempre vulnerável a deslocalizações.

O Bloco de Esquerda defende que a garantia do emprego e da criação de competências e capacidades tecnológicas depende da existência de um cluster de produção automóvel que seja coerente, o que depende do sistema de formação profissional, da logística e da própria estrutura produtiva, com o apoio do Plano Tecnológico Nacional. A criação desse cluster depende da imposição de regras que definem os contratos que o Estado deve aceitar. Assim, o Bloco defende as seguintes medidas:

Sistema de formação:
A Opel deve negociar o envolvimento e a incorporação de componentes nacionais nos carros produzidos, através de parcerias com fabricantes do Parque de Fornecedores da Autoeuropa em Palmela e da integração no CEIIA(Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel) da Maia e na ATEC (Academia de formação), tal como acontece já com a Autoeuropa.

Logística:
Os principais problemas da General Motors e dos fabricantes automóveis em Portugal estão nos custos de transporte das peças. Por isso, ao governo compete integrar quer a Opel quer a Autoeuropa nos planos que visam criar parques logísticos, por exemplo através da criação de um interface directo entre a fábrica Opel da Azambuja e a TVT (Terminal Multimodal do Vale do Tejo) - com uma localização estratégica a 100Km de Lisboa e a 500Km de Madrid, que estabelece a ligação entre os diversos terminais multimodais e assenta na utilização do conceito de comboio-bloco com horários fixos de chegada e partida, com entreposto aduaneiro/alfândega do tipo A, para exportar pelo sistema intermodal comboio-camião-barco.

Parques Tecnológicos:
O Parque de Fornecedores da Autoeuropa em Palmela e as indústrias de componentes automóveis podem beneficiar a GM-Opel na Azambuja na optimização de custos e importação de componentes. A GM Portugal tem de estudar oportunidades de incorporação de componentes e prensagem para diminuir os custos de produção. A proximidade do parque de fornecedores de Palmela pode ajudar a procurar fornecimentos de peças.

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