
"Portugal deve defender que o Conselho Europeu exija ao Banco Central Europeu uma nova queda na taxa de juro, porque a situação está longe de estar estabilizada, já que a crise não foi atacada nas suas raízes", afirmou Miguel Portas no final de uma audiência com o primeiro-ministro.
Para o eurodeputado bloquista, a questão central da crise "não é financeira, mas económica e social, em relação ao qual não se pode responder com uma taxa de juro alta, sobretudo em comparação com os Estados Unidos".
Miguel Portas lamentou a resposta de alguns Estados-membros da UE de comprarem "activos duvidosos" da banca, dizendo que no fundo "é o dinheiro dos contribuintes a comprarem os maus activos" das instituições financeiras.
"Agora que há avales a serem dados como garantias para empréstimos interbancários, o Bloco de Esquerda considera essencial que o Conselho Europeu tenha a coragem de dizer que tem de haver congelamento de dividendos. Os administrados do sistema financeiro não podem continuar a ganhar o que ganham, nem de longe nem de perto", disse o eurodeputado.
Miguel Portas recusou depois estar a adoptar uma posição "populista" ao defender o congelamento de dividendos e a descida dos ordenados dos administradores da banca, dando como exemplo recentes medidas tomadas no Reino Unido.
"No caso de nacionalizações parciais, no Reino Unido, um dos governos mais liberais da Europa - o executivo chefiado pelo senhor Gordon Brown - impôs o congelamento de dividendos e reduções drásticas aos montantes auferidos pelos administradores executivos dos bancos intervencionados", respondeu.