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Comício do BE em Armação de Pera - Foto de Paulete Matos
Cerca de mil pessoas estiveram presentes no comício do Bloco de Esquerda em Armação de Pera. Francisco Louçã criticou a política do governo e defendeu que é possível vencer o abuso e a injustiça. Carlos Cabrita, da concelhia de Silves do BE, defendeu a necessidade de uma "moratória" a mais camas turísticas, para a sobrevivência económica do sector na região e para a preservação do ambiente.

Carlos Cabrita no comício de Armação de Pera - Foto de Paulete Matos O comício, realizado na Fortaleza, foi iniciado por David Lamy, de Armação de Pêra, que apresentou os dois oradores seguintes: Carlos Cabrita da concelhia de Silves e do secretariado Regional do BE e Francisco Louçã.

Carlos Cabrita começou por chamar a atenção para a crise económica regional (com sério risco de agravamento) motivada pela excessiva dependência das actividades turística e imobiliária. Deu como exemplos, o mercado local de produtores agrícolas de Armação, que funciona em condições rudimentares e sem apoios para a sua preservação e melhoria, e a comunidade piscatória local, que pode extinguir-se a breve prazo. O orador salientou que os sectores tradicionais carecem de mais apoio para que as actividades se diversifiquem.

Segundo Carlos Cabrita, as autarquias não apoiam ou apoiam muito timidamente outras actividades, à excepção da imobiliária e do turismo: “Favorecem alterações de PDM e usam outros expedientes para contornar a legislação existente em prol de mais construção”, disse. O orador considerou ainda que o governo favorece preferencialmente esta actividade, nomeadamente com os chamados PIN, salientando que as 24.000 camas previstas no PROT, que agora entrou em vigor, serão atingidas rapidamente com estes expedientes.

Carlos Cabrita defendeu: “A região precisa é de uma moratória a mais camas turísticas para a própria sobrevivência económica do sector na região e para a preservação do ambiente e da paisagem”.

Francisco Louçã referiu-se à difícil situação que as famílias e os cidadãos atravessam na região e por todo o país. Focou o caso dos pescadores e dos trabalhadores agrícolas que trabalharam toda uma vida inteira e que hoje dispõem de pensões de miséria. O coordenador da comissão política do BE criticou o caos nas urgências do Hospital de Faro, onde constatou a existência de dezenas de doentes, deitados em macas espalhadas pelos corredores do Hospital. “Tudo isto tem a ver com a degradação do Serviço Nacional de Saúde da responsabilidade dos governos de direita PSD/PP e prosseguida e até agravada pelo governo Sócrates/PS”, disse.

Louçã falou ainda da existência de dois países diferentes: de um lado “o país do trabalho, do labor, da responsabilidade, da justiça e do respeito”, deu como exemplo a manifestação nacional de 100 mil professores que exigiam a palavra “respeito”, considerando que é a maioria deste país. Do outro lado, disse, “temos o país da facilidade, da pouca vergonha, do abuso, da mentira, daqueles que fazem negócios fáceis”, e deu como exemplo o caso BCP. Louçã falou ainda do Relatório do SNS relativo à gestão dos Hospitais Empresas e sublinhou que havia administradores a ganhar 300 mil euros por mês, durante 14 meses, fora os prémios e outras regalias. “Um desses administradores chegou mesmo a duplicar os vencimentos ao nomear-se assessor dele próprio – tudo com a conivência dos governos do país”, disse.

O coordenador da comissão política do BE afirmou que é possível vencer o abuso, a injustiça, o mundo da facilidade e concluiu: “É isso que o Bloco de Esquerda, uma força popular e socialista procura fazer – engrossando a corrente popular por este país fora e criar uma política alternativa com eleitores de outros partidos, nomeadamente com muitos milhares de pessoas que já votaram no Partido Socialista e que hoje não se revêem nas políticas deste partido”.