
As dificuldades na vida das pessoas por causa da crise e do desemprego
dominaram o discurso de Francisco Louçã no sábado à noite. Para o
dirigente do Bloco, esta é a maior insegurança que se vive em Portugal:
"a insegurança é a das pessoas que vivem a dureza da vida, esmagadas
pelo aumento dos alimentos, dos combustíveis e dos juros", afirmou.
Mais de duas centenas de pessoas assistiram num jardim de Pevidém ao
primeiro dos comícios com que o Bloco de Esquerda pretende não dar
férias ao governo de José Sócrates. Um dos alvos das críticas de Louçã
foi o Código de Trabalho, que "trará o crescimento dos despedimentos, o
não-pagamento de horas extraordinárias, e o desrespeito pelos
empregadores das decisões dos tribunais, nomeadamente das que obrigam a
reintegrar um trabalhador despedido sem justa causa".
O coordenador da Comissão Política do Bloco falou do "escândalo dos
lucros especulativos" das petrolíferas, apelando à "fixação de preços"
e dizendo que "não é justo que os portugueses paguem um cêntimo que
seja de preço especulativo nos combustíveis". As críticas continuaram
em direcção à taxa Robin dos Bosques na versão Sócrates: "Como é
possível que o Governo fixe um imposto de 25 por cento sobre os lucros
especulativos de 400 milhões das petrolíferas, deixando-lhes 300
milhões?”, questionou Louçã.
Para o dirigente bloquista, as grandes fortunas têm um papel para
resolver a "situação de emergência social". "Porque é que os
milionários, como sucede já em Espanha e em França, não podem dar um
pequeno contributo aos que mais precisam, tirado da sua grande
fortuna?”. A começar pela fortuna dos que embolsaram 400 milhões de
euros em lucro especulativo nos combustíveis, como o "dono da GALP,
Américo Amorim". Para Louçã, trata-se da mais elementar justiça que os
milionários contribuam para resolver a situação de quase dois milhões
de portugueses, "a maioria reformados, que recebem pensões de 300 a 400
euros por mês".
Veja as fotos do comício na página distrital do Bloco/Braga .