
Na reunião, os representantes do Bloco e a deputada falaram sobre a
situação dos direitos e da discriminação das minorias sexuais nos dois
países. Jaruga-Nowacka foi a autora da primeira lei na Polónia, em
2002, que mencionava a orientação sexual como uma das razoes em função
da qual os cidadãos não poderiam ser discriminados. Na altura,
encontrou resistências dentro do seu próprio Governo, tendo-se alguns
ministros associado aos Bispos da Igreja Católica para rejeitar essa
menção, mas o projecto acabou por passar no Parlamento. Enquanto
secretária de Estado, Nowacka desenvolveu uma campanha de
sensibilização para a igualdade, nomeadamente através de cartazes a
afixar nas ruas que mostravam casais de gays e lésbicas. Essa campanha
foi proibida em algumas cidades, por presidentes da Câmara, apesar de
ser uma campanha oficial do Governo.
Em 2004, Nowacka foi uma das participantes da primeira Marcha pela
Igualdade e pelos direitos LGBT, em Varsóvia. A marcha foi proibida
pelo então presidente da Câmara de Varsóvia, que veio depois a
tornar-se presidente da República, um dos gémeos Kaczynski. Nessa
marcha, que originou violentos protestos da extrema direita e da Igreja
católica, os manifestantes foram agredidos, tendo havido vários de
entre eles que foram hospitalizados. Nowacka era então vice
primeira-ministra e a sua participação numa marcha ilegal foi polémica,
mas obrigou a que a marcha tivesse protecção policial oficial,
determinada pelo seu colega de Governo, Ministro dos Assuntos Internos,
o que evitou que mais gente ficasse ferida.
Em 2005, o Partido radical de direita dos gémeos Kaczynski obteve o
poder absoluto no país, com maioria no parlamento, no Senado,
governando a Polónia e estando a frente da presidência da República.
Foi então que se iniciou uma campanha violenta contra os direitos
sexuais e reprodutivos - nomeadamente tentando alterar a Constituição
para eliminar qualquer possibilidade de aborto, mesmo nos casos de
violação ou risco de vida para a mãe - bem como a perseguição
institucional da população LGBT.
José Soeiro e Paulo Vieira participarão sábado de manhã num seminário
sobre direitos LGBT e, de tarde, tomarão parte na Marcha do Orgulho,
que vai decorrer nas ruas de Varsóvia, integrados numa delegação de
solidariedade internacional que envolve vários activistas e
responsáveis políticos da esquerda europeia.
Leia também:
Deputado bloquista na Marcha pela Igualdade na Polónia